O Banco Central (BC) informou, nessa terça-feira (4/11), que construirá uma nova infraestutura para o Drex, a futura moeda digital do Brasil, que vinha sendo apresentada como um dos principais projetos da autoridade monetária.
O anúncio do BC foi feito durante uma reunião com participantes do projeto-piloto do Drex, nessa terça-feira (4/11). A informação foi publicada inicialmente pelos sites Block News e Finsiders e confirmada pelo Metrópoles com fontes que acompanham as tratativas.
O que mudou
O BC já havia anunciado que a chamada “fase 3” do projeto não utilizaria a tecnologia blockchain – que é um registro digital descentralizado, por meio do qual informações são agrupadas em blocos conectados por criptografia para formar uma cadeia. Nesse modelo, a validação das transações é feita pela rede de participantes, e não por uma autoridade central.
Com isso, a rede Hyperledger Besu, que havia sido a escolhida como a base do Drex, será desativada. A desativação deve acontecer na próxima segunda-feira (10/11).
O desligamento da plataforma de tecnologia utilizada nas duas primeiras fases do Drex era uma demanda de parte do mercado, que alegou que haveria um custo muito elevado para a manutenção do ecossistema digital.
Segundo o BC, o mercado será ouvido no debate sobre novos formatos para a infraestrutura digital do Drex. O relatório da fase 2 do processo envolvendo a futura moeda digital brasileira, que seria entregue em outubro, deve ser conhecido apenas no começo de 2026.
A fase 3 deve dar prosseguimento aos estudos sobre a implementação do Drex, com enfoque na eficiência do uso de ativos como garantia para operações de crédito. Essa etapa está prevista para o ano que vem.
A funcionalidade de pagamentos estaria sendo revista pelo BC, deixando de ser prioridade.
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Próximos passos
Até o momento, o BC não informou mais quantas fases serão necessárias para a conclusão do projeto-piloto do Drex. Também não está definido se haverá utilização de blockchain nas próximas fases.
Apesar da mudança de foco, pessoas próximas às discussões sobre o Drex afirmam que o projeto “não morreu” e continua de pé.
Na primeira fase, empresas encaminharam propostas ao BC para participar do projeto, seguindo um protocolo específico. Ao final dessa etapa inicial, 16 propostas foram selecionadas.
Em seguida, na segunda e terceira fases, o BC escolheu 13 de mais de 40 temas recebidos para serem desenvolvidos por instituições e consórcios que haviam sido selecionados na fase 1.
Entenda como era o plano do Drex
Anunciado em 2023, o Drex será a primeira moeda digital oficial do Brasil. Em linhas gerais, trata-se de uma representação da cédula física do real, só que disponibilizada em uma plataforma 100% digital.
A ideia do BC era a de que a futura moeda digital seguisse exatamente os mesmos fundamentos e padrões de valor e estabilidade que vigoram no caso do real físico. Ela seria emitida pelo BC e funcionaria com uma extensão da moeda física. Sua distribuição ao público seria feita por meio de bancos e instituições de pagamento.
Segundo o BC, o Drex poderia ser utilizado em todas as atividades financeiras disponíveis atualmente, como empréstimos, seguros ou investimentos. Novas possibilidades de uso, como em “contratos inteligentes”, também são consideradas.
No caso da venda de um veículo, por exemplo, não haveria a discussão se caberia ao comprador depositar o valor antes de pegar o carro ou se o vendedor teria de transferir os documentos antes de receber o dinheiro. Todo o processo seria feito instantaneamente, por meio de um contrato automatizado, o que reduziria a burocracia.
Ainda de acordo com a autoridade monetária, uma das diretrizes seguidas para a criação do Drex é a interoperabilidade – capacidade de um sistema de se comunicar com outro – com os meios de pagamento disponíveis atualmente.
Com isso, os usuários da moeda digital poderiam fazer pagamentos em lojas, por exemplo, por meio de seu prestador de serviço de pagamento – seja um banco ou outra instituição autorizada pelo BC –, além do Pix.
Uma outra possibilidade de uso do Drex é na transferência de reais digitais para outras pessoas. Nessa transferência, esses valores poderiam se transformar em um depósito bancário convencional e os beneficiários poderiam sacar o dinheiro em cédulas.







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