Enquanto os servidores da saúde pública do DF aguardam há anos por reajuste salarial, nomeações e condições dignas de trabalho, a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) firmou um contrato milionário com a empresa Brasília Segurança S/A. O valor total do acordo, que tem duração de 30 meses, ultrapassa R$ 654 milhões.
O contrato prevê a contratação de vigilância humana — armada, desarmada, motorizada — e monitoramento eletrônico com câmeras, alarmes e controle de acesso. Apenas um dos postos de vigilância eletrônica, por exemplo, custará mais de R$ 104 mil por mês. São dezenas de serviços terceirizados em escalas fixas, com dedicação exclusiva de mão de obra.
A medida foi anunciada em meio ao crescimento dos casos de violência nas unidades de saúde, mas levanta questionamentos: é com vigilância que se resolve a crise na saúde pública?
Para o SindSaúde, a segurança dos servidores é prioridade, mas precisa vir acompanhada de ações concretas e estruturantes, como:
• Valorização salarial;
• Nomeação de novos profissionais;
• Melhoria das condições de trabalho;
• Fortalecimento da atenção primária.
A presidente do sindicato, Marli Rodrigues, foi enfática:
“A instalação de câmeras é uma medida paliativa. O que os profissionais da saúde esperavam era reforço nas equipes, respeito e valorização. Só assim a população será verdadeiramente bem atendida — e os casos de violência, reduzidos.”
“Câmera não defende ninguém. O que vai proteger os servidores é a prevenção. A preocupação de qualquer representante público precisa ser evitar uma tragédia, não apenas registrar as imagens dela. Nesse caso, o que faz diferença entre a tragédia e o final feliz é a prevenção.”
O contrato milionário expõe uma contradição: falta dinheiro para reajustar salários, mas há sobra para segurança privada? Os trabalhadores seguem adoecendo e sendo agredidos, enquanto o governo investe em medidas que parecem mais voltadas ao controle do que à proteção real dos profissionais.
O SindSaúde segue em luta para que os recursos públicos sejam usados com responsabilidade, priorizando quem sustenta a saúde pública do Distrito Federal: os servidores.
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