O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quarta-feira (10/7), que o governo brasileiro irá criar um comitê de emergência para estudar uma resposta às novas tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração do petista acontece após Donald Trump informar, por meio de uma carta endereçada ao petista, que irá taxar em 50% todos os produtos brasileiros vendidos ao mercado norte-americano.
“Vamos criar um comitê, e os empresários vão participar, que a gente vai acompanhar dia a dia para repensar a política comercial com os Estados Unidos”, indicou Lula em entrevista à Rede Record.
O Metrópoles apurou que o comitê, que ainda está em fase de construção, contará com os ministérios do Comércio, Fazenda, Relações Exteriores, Relações Institucionais e Casa Civil. A previsão é de que o vice-presidente Geraldo Alckmin coordene os trabalhos do grupamento.
O chefe do Palácio do Planalto ressaltou ainda que o Brasil adotará a Lei da Reciprocidade Econômica, taxando em 50% os bens norte-americanos vendidos para o Brasil.
“Temos vários caminhos. Podemos recorrer à OMC [Organização Mundial do Comércio], propor investigações internacionais, cobrar explicações. Mas o principal é a Lei da Reciprocidade, aprovada no Congresso. Se ele cobrar 50% da gente, a gente vai cobrar 50% dele”, disse o chefe do Palácio do Planalto.
O republicano alegou que a sobretaxa é uma reação ao que ele chama de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo de ações judiciais. Segundo o chefe da Casa Branca, as tarifas entram em vigor a partir de 1º de agosto.
“Conheci e tratei com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente”, disse Trump.
Bolsonaro é réu em uma ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, com o objetivo de manter o ex-presidente no poder, mesmo sendo derrotado nas urnas.
Lula destacou que Trump não tem postura de presidente ao se comunicar com outro chefe de Estado por meio das redes sociais. “Mas eu achei aquela carta do pretendente – porque ele não é presidente, é pretendente – absurda. Não é costume ficar mandando recado por rede social para um chefe de Estado”, pontuou.
O petista voltou a defender a soberania brasileira e destacar que o Brasil não aceita a interferência de outros países.
“Respeito é bom, e eu gosto de dar e gosto de receber. Não pensem que temos complexo de vira-lata. A gente não tem medo. Claro que estamos preocupados com o Brasil, mas também com os Estados Unidos. Trump fala para o eleitorado dele, mas eu penso no povo brasileiro, que quer crescer, melhorar de vida, e ter relações boas com todos os países”, complementou Lula.
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