Dólar cai e Bolsa sobe apesar do IOF e da “tarifa zero” no transporte

Nesta quarta-feira (8/10), o dólar registrou queda de 0,12% frente ao real, cotado a R$ 5,34. Por ser pequena, a variação indicou estabilidade no mercado de câmbio. Já o Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), fechou em alta de 0,56%, aos 142.145 pontos.

No cenário interno, os investidores acompanharam nesta quarta-feira as discussões sobre a Medida Provisória (MP) 1.303, conhecida como “alternativa do IOF”. Ela muda a tributação de investimentos financeiros e representa uma forma de o governo federal arrecadar cerca de R$ 20 bilhões necessários ao cumprimento da meta fiscal em 2026.

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Para não perder a validade, a MP tem de ser aprovada na Câmara e no Senado até a meia-noite desta quarta-feira. Se caducar, deve ampliar as preocupações com o equilíbrio fiscal. Se passar pelo crivo do Congresso, vai impactar negativamente os investimentos.

“Tarifa zero”

Ainda sobre a questão fiscal, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, também confirmou nesta quarta-feira que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito estudos para analisar a viabilidade da implementação da tarifa zero no transporte público. Ele, no entanto, disse que a análise é insipiente e não há previsão desse tipo de política ser adotada até 2026. A mera discussão sobre essa possibilidade, contudo, tem provocado fortes solavancos no mercado de capitais.

Ata do Fed

No quadro externo, as atenções estavam voltadas para a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que ocorreu em 17 de setembro. Na ocasião, o órgão optou por cortar as taxas de juros do país em 0,25 ponto percentual, passando para o intervalo entre 4% e 4,25%.

Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, a ata do Fed não trouxe surpresas relevantes. “Mas ela reforçou o tom mais cauteloso de que ainda há riscos inflacionários, embora menores, e que o corte de juros anterior teve caráter de gestão de riscos”, diz. “O leilão de Treasuries (os títulos da dívida americana) de 10 anos mostrou menor demanda, especialmente por parte de estrangeiros, e o mercado agora aguarda novas falas de dirigentes do Fed e dados sobre a confiança do consumidor, que serão divulgados na sexta-feira.”

Correção do dólar

Para Shahini, o dólar teve um pregão de “leve correção”, refletindo o ambiente mais favorável às moedas emergentes, impulsionado pelo maior apetite por risco global e pela valorização do petróleo. “A moeda americana acompanhou o movimento de desvalorização no exterior em meio à ausência de indicadores nos Estados Unidos, consequência da paralisação do governo (o “shutdown”), enquanto investidores aguardam novos sinais da política monetária americana.”

Na avaliação de Anderson Silva, líder da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, o quadro do mercado no Brasil tem sido similar ao de outros emergentes. Na maioria desses países, nota o analista, as bolsas sobem no ano e as altas taxas de juros pagas pelos governos, para financiar déficits, atraem investidores, fazendo o dólar se depreciar frente à maior parte das moedas.

“Não é diferente aqui no Brasil”, diz Silva. “Apesar de pequenos repiques ou dias de estabilidade, o dólar deve manter esse movimento enquanto as taxas de juros se mantiverem em patamares mais elevados”. Ele observa que o tema fiscal (que trata da relação entre despesas e receitas do governo federal) “vai e volta como assunto central no mercado”.

Créditos da Noticias

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