O dólar operava em leve alta nesta segunda-feira (25/8), em um dia no qual os investidores ainda repercutem as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos), Jerome Powell, na última sexta-feira (22/5), durante um simpósio da autoridade monetária norte-americana.
No cenário doméstico, o principal destaque deste início de semana é a divulgação da nova edição do Relatório Focus, do Banco Central (BC), com a percepção do mercado financeiro sobre alguns dos mais importantes indicadores da economia do país.
Dólar
- Às 9h10, a moeda norte-americana avançava 0,11% e era negociada a R$ 5,432.
- Na última sexta-feira, o dólar fechou em queda de 0,95%, cotado a R$ 5,426.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula a moeda dos EUA acumula perdas de 3,28% no mês e de 12,36% no ano frente ao real.
Ibovespa
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
- No último pregão da semana passada, o indicador fechou em disparada de 2,57%, aos 137,9 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 3,49% em agosto e de 14,24% em 2025.
Relatório Focus
Os analistas do mercado financeiro consultados pelo BC reduziram a projeção de inflação de 2025 pela 13ª semana consecutiva. É o que mostram os dados do relatório Focus divulgado nesta segunda-feira.
O mercado também reduziu as estimativas de inflação dos próximos dois anos. A previsão para 2028 não foi alterada em relação à semana anterior, conforme o Focus.
Veja como ficaram as estimativas para a inflação:
- para 2025, recuou de 4,95% para 4,86%.
- para 2026, caiu de 4,40% para 4,33%.
- para 2027, passou de 4% para 3,97%.
- para 2028, é de 3,8%.
O mercado financeiro também revisou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025, caindo de 2,21% para 2,18%. A projeção do PIB para 2026 também diminuiu, enquanto as estimativas para 2027 e 2028 não foram alteradas.
Veja como ficaram as projeções para o PIB
- para 2026, passou de 1,87% para 1,86%.
- para 2027, está em 1,87%.
- para 2028, é de 2%.
O mercado ainda manteve, pela nona semana consecutiva, a projeção da Selic em 15% ao ano. Ou seja, os analistas não esperam novas elevações em 2025.
As previsões dos analistas para os demais anos seguem as mesmas:
- Para 2026, os analistas projetam uma Selic de 12,5% ao ano.
- Para 2027, a previsão da taxa de juros é de 10,5% ao ano.
- Para 2028, a estimativa continua em 10% ao ano.
Otimismo com queda de juros nos EUA
Na última sexta-feira, em sua fala no Simpósio de Jackson Hole, conferência anual nos EUA que conta com a participação de dirigentes do Fed, Jerome Powell não cravou que os juros cairão no mês que vem, mas indicou que existe essa possibilidade. Foi o bastante para o otimismo tomar conta do mercado, o que levou à queda do dólar frente ao real e à disparada da bolsa brasileira.
“Embora o mercado de trabalho pareça estar em equilíbrio, trata-se de um equilíbrio curioso, resultante de uma desaceleração acentuada tanto na oferta quanto na demanda por trabalhadores”, afirmou Powell em seu discurso no simpósio do Fed.
Para o presidente do Fed, “essa situação incomum sugere que os riscos de queda no emprego estão aumentando”. “E, se esses riscos se materializarem, poderão fazê-lo rapidamente”, disse.
Powell prosseguiu: “Também é possível, no entanto, que a pressão de alta sobre os preços, devido às tarifas, possa estimular uma dinâmica inflacionária mais duradoura, e este é um risco a ser avaliado e administrado”.
“A estabilidade da taxa de desemprego e outras medidas do mercado de trabalho nos permitem prosseguir com cautela ao considerarmos mudanças em nossa política monetária. No entanto, com a política em território restritivo, a perspectiva básica e a mudança no equilíbrio de riscos podem justificar ajustes em nossa postura”, completou o chefe da autoridade monetária norte-americana.
As declarações do presidente do Federal Reserve indicam que é real a possibilidade de a autoridade monetária iniciar o ciclo de queda da taxa de juros a partir da próxima reunião, nos dias 16 e 17 de setembro.
No fim de julho, o Fed anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. A próxima reunião do Fed para definir a taxa de juros acontece nos dias 16 e 17 de setembro.
O Índice de Preços ao Consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação no país, ficou em 2,7% em julho, na base anual, mesmo resultado registrado em junho. Na comparação mensal, o índice foi de 0,2%, ante 0,3% em junho.
A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024. A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para conter a inflação.
Até o fim de 2025, o BC dos EUA tem programadas mais três reuniões de política monetária – em setembro, outubro e dezembro. Nas últimas semanas, ganhou força entre os analistas do mercado a tese de que o Fed deve começar a baixar os juros possivelmente a partir da próxima reunião, no mês que vem.
De acordo com economistas e analistas consultados pela reportagem do Metrópoles, embora a maioria do mercado já apostasse no início do ciclo de cortes pelo Fed, a fala do chefe da autoridade monetária foi considerada ainda mais enfática nessa direção.
Nesta segunda-feira, os investidores também vão monitorar os discursos de Lorie Logan, dirigente do Fed de Dallas, e John Williams, presidente do Fed de Nova York.
Análise
Segundo Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, o primeiro pregão da semana pode ser marcado por “uma movimentação de correção nas bolsas, até por causa do grande otimismo” de sexta-feira.
“Hoje tivemos os dados do Boletim Focus, com mais uma expectativa de inflação para baixo no Brasil, o que é muito positivo. Além disso, as projeções para 2026 e 2027 também recuaram”, observa. “Na agenda dessa semana, entre os destaques de dados, teremos o IPCA-15, que é sempre importante e reflete nas decisões do Copom. Também temos o PIB dos EUA, que o mercado vai olhar de perto.”
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