As exportações do café brasileiro para os Estados Unidos registraram uma forte queda em agosto deste ano, na comparação com o mesmo período de 2024, de acordo com dados preliminares divulgados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
De acordo com a entidade, entre os dias 1º e 25 de agosto de 2025, o Brasil exportou 193,9 mil sacas de café aos EUA, o que representou um tombo anual de 46,6%.
O café brasileiro é um dos itens que foram taxados em 50% pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, como parte da nova rodada do tarifaço comercial anunciado pela Casa Branca e que entrou em vigor no início de agosto.
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“Em julho, as exportações foram em torno de 450 mil sacas. Comparando com este mês [agosto], houve uma queda expressiva nos embarques, com efeito da safra menor e do tarifaço”, afirma o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron.
Segundo ele, o recuo nas exportações de café para os norte-americanos não se deve apenas ao tarifaço de Trump, mas também à queda da própria produção de café, na comparação com o ano passado.
Para Heron, apesar do tarifaço, “não há um cenário de redução do consumo” nos EUA. “O tarifaço acaba gerando aumento nos preços e quem paga a conta é o consumidor americano”, explica.
Brasil quer incluir café em lista de exceções
No fim de julho, o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, admitiu, em entrevista à CNBC, que o país pode recuar e decidir isentar alguns produtos “incapazes de crescer em solo americano” das tarifas comerciais anunciadas pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Entre esses itens, segundo Lutnick, estariam café, cacau, manga, abacaxi e alguns recursos naturais. O secretário do Comércio, um dos aliados mais próximos de Trump, não mencionou os países que poderiam ser beneficiados com a possível isenção.
“Em nossos acordos comerciais, nossa expectativa é que, em relação aos recursos naturais indisponíveis, como uma banana, outras especiarias e raízes, pode não haver tarifa”, afirmou Lutnick, na ocasião.
Ainda de acordo com o secretário do Comércio, se os EUA decidirem não tarifar o café ou o cacau, por exemplo, os países possivelmente beneficiados terão de abrir seus mercados para a soja norte-americana, como contrapartida.
“Por que vocês esperam nos vender café e cacau e não nos deixam vender soja? Parece injusto. Vamos tornar isso justo”, defendeu. O café é um dos principais produtos vendidos pelo agronegócio brasileiro.
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