O CEO da Cosan, Marcelo Martins, afirmou que a empresa não tem planos de realizar aportes de capital na Raízen, um dos gigantes do agronegócio brasileiro no setor de açúcar, etanol e distribuição de combustíveis.
Segundo o executivo, que participou nesta sexta-feira (15/8) de uma teleconferência com acionistas e investidores, o objetivo da companhia é conseguir um novo “sócio estratégico” para a Raízen.
“Não faz sentido para a Cosan colocar capital na Raízen, primeiro e mais importante porque ela [Cosan] está buscando o seu reequilíbrio de estrutura de capital. Então, não tem como e não está em nossos planos colocar capital na Raízen”, afirmou Martins.
“A gente tem hoje até mais alternativas do que tinha alguns meses atrás, mas a execução dessas transações não é óbvia, ainda mais no momento complexo do Brasil, com a volatilidade que temos observado”, completou o CEO da Cosan.
A Cosan é uma empresa do agronegócio que atua em diversos setores da economia, como energia, gás e lubrificantes. Trata-se de uma holding que investe em empresas como Raízen, Comgás, Moove e Rumo. A Cosan também tem atuação no setor sucroenergético, com a produção de etanol e açúcar, e na distribuição de combustíveis.
Balanços
No segundo trimestre de 2025, a Cosan amargou um prejuízo líquido de R$ 946 milhões, o que representou uma alta de 316,7% em relação ao segundo trimestre do ano passado. Na época, o resultado negativo ficou em R$ 227 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 2,83 bilhões. O resultado correspondeu a um crescimento de 19% em relação ao mesmo período de 2024.
A receita líquida da Cosan totalizou R$ 10,48 bilhões no segundo trimestre deste ano, uma queda anual de 2%.De acordo com o balanço da empresa, o resultado financeiro líquido da Cosan foi uma despesa de R$ 657 milhões – uma redução de R$ 860 milhões em relação ao mesmo período de 2024.
A Raízen, por sua vez, teve prejuízo líquido de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre da safra 2025/2026. A companhia reverteu o lucro de R$ 1,1 bilhão registrado no mesmo período da safra anterior (2024/2025).
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da Raízen ficou em R$ 1,9 bilhão, com uma queda anual de 23,4%. O resultado veio abaixo da estimativa média do mercado, que era em torno de R$ 2,16 bilhões.
A dívida líquida da Raízen soma R$ 49,2 bilhões, o que representa um aumento de 56% em relação ao mesmo período da safra anterior. Os maus resultados refletem dificuldades que vêm sendo enfrentadas pela empresa nos últimos meses, como a quebra de safra e problemas na moagem, além de um forte aumento das despesas financeiras.
O que diz a Raízen
De acordo com a Raízen, o crescimento da dívida é resultado de uma “limpeza” no balanço, com a substituição das chamadas “dívidas ruins” e de curto prazo por dívidas de longo prazo. Em meio ao aumento do risco financeiro e aos juros em patamar elevado, a empresa afirmou que busca formas de capitalização.
“Não temos nem detalhes nem a certeza de uma potencial operação. O que a gente tem é uma conversa ativa que envolve os controladores, Shell e Cosan, para avaliar mecanismos de acelerar essa jornada e reduzir o risco”, afirmou o CFO da Raízen, Rafael Bergman.
Por meio de um comunicado, a companhia informou que o eventual aporte pode ser feito pelos próprios acionistas. Também há a possibilidade de que novos investidores entrem no circuito.
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