O principal vetor dos mercados de câmbio e de capitais nesta quinta-feira (4/9) no Brasil foi o novo ímpeto que ganhou a perspectiva de um corte na taxa de juros dos Estados Unidos já em setembro. Nesse embalo, o dólar registrou leve alta de 0,09%, cotado a R$ 5,44. Por ser pequena, a elevação indica estabilidade da moeda americana frente ao real. Já o Ibovespa disparou. O principal índice da Bolsa brasileira (B3) subiu 0,81%, voltando a casa dos 14o mil pontos (exatos 140.993,25).
Dados divulgados nesta quinta-feira mostraram que o setor privado dos EUA criou 54 mil empregos em agosto, segundo a pesquisa com ajustes sazonais divulgada pela ADP. O número veio bem abaixo das projeções dos analistas de mercado. Eles estimavam a geração de 85 mil postos de trabalho.
Na véspera, outro indicador, o relatório “Job Openings and Labor Turnover Survey” (Jolts), já havia mostrado que o total de vagas disponíveis entre americanos foi de 7,2 milhões em julho. A previsão era de 7,4 milhões. Além de ficar aquém do esperado, houve recuo em relação a junho, quando o número de empregos atingiu de 7,4 milhões.
Esses dados sinalizam que a economia americana está enfraquecendo, embora não sejam definitivos. Na visão dos agentes econômicos, contudo, esse diagnóstico já é suficiente para aumentar as chances de um corte da taxa de juros americana, hoje fixada no intervalo entre 4,25% e 4,50%, em pelo menos 0,25 ponto percentual neste mês.
Sexta com emoções
Agora, as atenções dos investidores estão voltadas para a sexta-feira (5/9), quando será divulgado o “payroll”, indicador mais importante sobre emprego nos EUA. Ele também é tido como o preferido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central) para a análise do comportamento do mercado de trabalho e da conjuntura econômica americana.
Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o quadro do emprego reforçou a percepção de enfraquecimento gradual da economia americana e elevou para mais de 97% a probabilidade de corte de juros pelo Fed em setembro. “Nesse cenário, a queda das taxas de juros nos EUA, combinada à melhora no sentimento global, favoreceu a desvalorização do dólar frente ao real”, diz.
Apetite de risco
Shahini observa que o recuo da moeda americana acompanhou o maior “apetite por risco” nos mercados globais. “Ele se refletiu na alta das bolsas americanas e na aceleração do Ibovespa, que chegou a superar os 141 mil pontos durante o pregão”, afirma.
O corte de juros nos EUA tem forte impacto sobre a economia global. Entre outros efeitos, ele reduz a atratividades dos títulos da dívida americana, os Treasuries, considerados os papéis mais seguros do mundo. Com isso, aumenta o interesse dos investidores por ativos de risco, como ações negociadas em Bolsa – no jargão do mercado, cresce o “apetite por risco”. Nesse contexto, o dólar também tende a perder força.
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