Bolsa brasileira desencanta e dólar mantém queda à revelia do tarifaço

O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), fechou em forte alta de 1,67%, aos 136.757 pontos, nesta quinta-feira (7/8). Essa foi a quarta elevação seguida do indicador que, na véspera, havia subido 1,04%. O dólar registrou queda de 0,74% frente ao real, cotado a R$ 5,42, o menor valor em mais de um mês. Na quarta-feira (6/8), ele havia baixado 0,78%, a R$ 5,46.

Os resultados positivos dos mercados de câmbio e ações no Brasil acontecem à revelia do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nesta quinta-feira, o republicano voltou a acionar a metralhadora das sobretaxas.

Agora, ele mira em duas novas frentes. Numa delas, estão os países que compram petróleo russo. Na outra, as empresas que não produzem chips nos EUA, sobre as quais paira a ameaça de uma tarifa de 100%.

Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o dólar refletiu nesta quinta-feira um “cenário de baixa liquidez e poucos indicadores econômicos.” “Ele sofreu pressão inicial diante da valorização de moedas emergentes e dados positivos da balança comercial chinesa, além de expectativas de cortes de juros nos EUA em setembro”, diz.

“Posteriormente, avançou após declarações mais cautelosas de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre o ritmo dos cortes, aumentando a incerteza”, acrescenta o analista. “As tarifas comerciais americanas seguem no radar dos investidores, que acompanham negociações e possíveis impactos nas exportações brasileiras.”

Ibovespa

Na análise da corretora Ativa, o Ibovespa operou em alta com a divulgação de bons resultados corporativos. Entre as ações, os destaques positivos ficaram com a Eletrobras, que chegaram a subir 8,31%, seguidas por SmartFit e Suzano.

Os destaques negativos, acrescenta a corretora, ficam com as ações da Hypera, que chegou a recuar 3,46%, seguidas por Raízen e Minerva. Hypera e Minerva caíram depois da divulgação de resultados.

Juros nos EUA

Em todo o mundo, os investidores estão de olho num eventual corte dos juros americanos em setembro. Dados divulgados nesta quarta-feira reforçaram os sinais de que o mercado de trabalho está perdendo tração nos EUA, o que fortalece as especulações sobre redução da taxa, hoje fixada no intervalo entre 4,25% e 4,50%.

Agora, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, o total de pedidos de seguro-desemprego atingiu o maior nível desde novembro de 2021. O número de pessoas que recebem o benefício aumentou em 38 mil, totalizando 1,97 milhão, na semana encerrada em 26 de julho. As informações foram veiculadas pelo Bureau of Labor Statistics, o Departamento do Trabalho dos EUA.

Emprego em baixa

Na semana passada, o “payroll” (literalmente, “folha de pagamentos”), a principal fonte de informações sobre empregos da economia americana, já havia indicado queda no mercado ao relatar a criação líquida de 73 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola em julho dos EUA. Economistas esperavam entre 110 mil e 115 mil novos postos.

Pior do que isso, foram feitas revisões nos números que haviam sido divulgados nos meses de maio e junho. No total, foram subtraídos 258 mil postos de trabalho nesses dois meses. O dado de maio passou de 144 mil para 19 mil. O de junho recuou de 147 mil para 14 mil. Somando o resultado de julho com as revisões dos dois meses anteriores, o saldo líquido ficou negativo em 185 mil empregos.

Movimentos no Fed

A questão é até que ponto o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) vai levar esses dados em conta e cortar os juros, uma medida que teria impacto na economia global. Shahini, da Nomad, acredita esta quinta-feira trouxe movimentos relevantes em torno do Fed.

“Chris Waller desponta como principal candidato à presidência do Fed entre os conselheiros do presidente Donald Trump, que buscam um sucessor para Jerome Powell (o atual presidente do órgão)”, diz o analista. “Waller agrada aos assessores por defender ajustes na política de juros com base em projeções, e não apenas nos dados atuais. Na semana passada, ele se uniu à governadora (do Fed) Michelle Bowman para votar contra a manutenção das taxas estáveis pela quinta vez consecutiva, justificando a decisão com sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho.”

Queda na Inglaterra

Ainda sobre o tema juros, o Banco da Inglaterra (BoE) anunciou nesta quinta-feira um corte na taxa de referência do país. Ela passou de 4,25% para 4%, como esperado pelo mercado. A decisão, contudo, não foi unânime. Cinco membros do comitê de política monetária inglês votaram pela redução, enquanto quatro optaram pela manutenção da taxa.

Créditos da Noticias

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