Após meses sob pressão, Fed corta juros pela 1ª vez no governo Trump

Na sexta reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) desde a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as expectativas do mercado foram confirmadas e a taxa básica de juros finalmente foi reduzida pela autoridade monetária.

O corte nos juros foi de 0,25 ponto percentual, acompanhando a maioria das projeções dos analistas do mercado. Agora, os juros estão no patamar entre 4% e 4,25% ao ano.


O que aconteceu

  • Nesta quarta-feira (17/9), o colegiado anunciou a redução dos juros básicos da economia norte-americana em 0,25 ponto percentual. Com isso, a taxa agora se situa no intervalo de 4% a 4,25% ao ano.
  • Antes de cortar os juros, o BC dos EUA manteve a taxa inalterada por cinco reuniões consecutivas.
  • Este foi o primeiro corte de juros nos EUA sob o governo de Donald Trump, que teve início no dia 20 de janeiro de 2025.
  • Antes de Trump assumir a Casa Branca, o Fed tinha levado a cabo um ciclo de três quedas consecutivas dos juros nos EUA, que começou em setembro do ano passado.
  • Desde então, o BC norte-americano sempre deixou claro que era necessário manter a cautela e analisar cuidadosamente os indicadores econômicos para tomar suas decisões de política monetária.

Inflação nos EUA

A taxa básica de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação. Quando a autoridade monetária mantém os juros elevados, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que se reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.

Segundo dados do Departamento do Trabalho, a inflação nos EUA ficou em 2,9% em agosto, na base anual, ante 2,7% registrados em julho. Na comparação mensal, o índice foi de 0,4%, ante 0,2% em julho.

A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024.

O que significa para o Brasil a queda dos juros nos EUA

Analistas consultados pelo Metrópoles afirmam que o movimento da taxa americana tem forte impacto no Brasil. É provável que essa repercussão seja positiva, mas os riscos existem.

A lista de consequências, em linhas gerais, inclui os seguintes pontos:

  • Avanço da Bolsa: a tendência é de maior fluxo de capitais para ações, beneficiando setores ligados ao consumo e ao crédito.
  • Câmbio: valorização do real frente ao dólar diante do maior diferencial de juros, embora riscos internos e externos sigam no radar.
  • Inflação: com a tendência de queda do dólar, há menor pressão sobre os preços de diversos produtos como os que utilizam insumos importados.
  • Renda fixa: oportunidade em títulos longos.

Powell já havia indicado corte de juros

O início do ciclo de cortes nos juros pelo Fed já havia sido indicado pelo presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, no mês passado. Em sua fala no Simpósio de Jackson Hole, conferência anual nos EUA que conta com a participação de dirigentes do Fed, Powell falou abertamente sobre essa possibilidade.

“A estabilidade da taxa de desemprego e outras medidas do mercado de trabalho nos permitem prosseguir com cautela ao considerarmos mudanças em nossa política monetária. No entanto, com a política em território restritivo, a perspectiva básica e a mudança no equilíbrio de riscos podem justificar ajustes em nossa postura”, disse o presidente do BC dos EUA.

Trump declarou guerra ao Fed

Antes mesmo de tomar posse para seu segundo mandato na Casa Branca, Donald Trump já fazia críticas às decisões do Fed sobre a taxa de juros e defendia que os cortes fossem intensificados – o que ainda não havia ocorrido em seu atual mandato.

Já empossado presidente, em discurso durante o Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), Trump disse que trabalharia para que os juros nos EUA caíssem “imediatamente”.

Em novembro, após a confirmação da vitória de Trump sobre Joe Biden nas eleições, o Fed justificou a diminuição no ritmo de corte de juros afirmando que “as perspectivas econômicas são incertas e o comitê está atento aos riscos”. Na ocasião, o nome de Trump não foi mencionado.

Em meados de abril, Trump subiu o tom contra o chefe da autoridade monetária, Jerome Powell, e cobrou a redução da taxa de juros no país. “Os preços do petróleo caíram, os alimentos estão mais baratos e os EUA estão enriquecendo com as tarifas. O ‘atrasado’ já deveria ter reduzido as taxas de juros, como o BCE [Banco Central Europeu] fez há tempos, mas com certeza deveria reduzi-las agora. A demissão de Powell não pode vir rápido o suficiente”, afirmou.

No início de junho, Trump voltou a cobrar a queda dos juros e criticou Powell. Em declarações dadas durante um evento na Casa Branca, Trump negou que tivesse a intenção de demitir o presidente do Fed, mas criticou novamente o chefe da autoridade monetária e insinuou que pressionaria pelo corte dos juros.

Na semana anterior, o presidente dos EUA havia recebido o chefe do Fed para uma reunião na Casa Branca, em uma iniciativa interpretada como uma tentativa de pacificar a relação entre os dois.

Em julho, Trump voltou a criticar Powell. “As famílias estão sendo prejudicadas porque as taxas de juros estão muito altas e até mesmo o nosso país está tendo de pagar um juro mais elevado do que deveria por causa do ‘atrasado’”, escreveu Trump em sua rede social, a Truth Social.

No início desta semana, dias antes do anúncio do Fed, Trump voltou a criticar o presidente do Fed e o chamou de “incompetente”.

Trump prepara sucessão de Powell no Fed

A diretoria do Federal Reserve é composta por sete integrantes que cumprem mandatos de 4 a 14 anos – todos são indicados pela Presidência dos EUA. A indicação para o cargo de presidente do Fed é definida pela Casa Branca e confirmada por uma votação no Senado norte-americano a cada 4 anos.

Em 2022, Jerome Powell foi indicado pelo então presidente dos EUA, Joe Biden, para um segundo mandato à frente do Fed – que termina em maio de 2026.

Há algumas semanas, em conversa com jornalistas na Casa Branca, Trump revelou quais são os principais favoritos à indicação para suceder Powell à frente do Fed. Segundo o presidente norte-americano, disputam a vaga o ex-diretor do Fed Kevin Warsh, o atual diretor Christopher Waller e o chefe do Conselho Econômico Nacional dos EUA, Kevin Hassett.

Créditos da Noticias

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