A S&P Global Ratings, uma das três principais agências de classificação de risco do mundo, rebaixou a nota de crédito da Braskem de “BB” para “BB-”, com perspectiva negativa, informou a petroquímica.
Além disso, a agência indicou a possibilidade de um novo rebaixamento na nota da Braskem, nos próximos 90 dias, caso a empresa não faça melhorias.
De acordo com a S&P, a revisão da nota de crédito da companhia se deve a incertezas que vêm pressionando os “spreads” dos produtos petroquímicos, o que acaba afetando a liquidez da empresa.
Spread é a diferença entre dois valores, como o preço de compra e venda de um ativo, e representa a remuneração de uma instituição ou o custo da transação para um investidor. Trata-se de um indicador importante para a liquidez de um determinado ativo.
Entenda
- As agências de classificação de risco são empresas privadas que avaliam a saúde financeira de países e de outras empresas.
- Com base em critérios como juros, dívida, capacidade fiscal e outros, as agências concedem uma nota de crédito.
- Além da S&P, a Fitch e a Moody’s completam a lista das principais agências de risco no mercado global.
- As três foram fundadas ainda no início do século passado e têm sede em Nova York, nos EUA (a Fitch tem sede dupla, em Nova York e em Londres, na Inglaterra).
O que diz a S&P
Em relatório, a S&P classifica os resultados obtidos pela Braskem no segundo trimestre de 2025 como “muito fracos” e aponta forte queda nas margens e queima de caixa em um cenário de aumento das tensões comerciais globais e incertezas que pressionam os preços do mercado petroquímico.
A agência de risco indica ainda “a possibilidade de outro rebaixamento nos próximos 90 dias se o desempenho operacional e de fluxo de caixa da empresa no terceiro trimestre não melhorar substancialmente em relação ao primeiro trimestre do ano”. Segundo a S&P, isso poderia levar a agência “a revisar novamente” as projeções “para baixo”.
O que diz a Braskem
Em comunicado, a Braskem diz que segue comprometida com a rigidez financeira “mediante a implementação de iniciativas de resiliência para mitigar os impactos decorrentes do prolongamento do ciclo de baixa da indústria e com o fortalecimento da competitividade da indústria química brasileira”.
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Desempenho no 2º trimestre
De acordo com o balanço da empresa petroquímica divulgado no início de agosto, houve prejuízo de R$ 267 milhões no período entre abril e junho de 2025. Ele diminuiu 93% em relação ao segundo trimestre do ano passado.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente ficou em R$ 427 milhões, recuando em relação ao R$ 1,67 bilhão registrado no mesmo período de 2024.
Segundo a Braskem, a receita líquida da companhia no segundo trimestre também diminuiu, somando R$ 17,86 bilhões, ante R$ 19,07 bilhões de um ano atrás.
A Braskem projeta investimentos de R$ 2,4 bilhões até o fim deste ano. Desse montante, R$ 515 milhões já foram executados nos dois primeiros trimestres.
Venda de ativos nos EUA
A Braskem confirmou, no início do mês, que está em tratativas sobre a possível venda de ativos nos Estados Unidos. As conversas estão acontecendo com a Unipar, com a qual a petroquímica assinou um acordo de confidencialidade no mês passado.
De acordo com comunicado da Braskem ao mercado, as negociações tratam de “potenciais oportunidades envolvendo ativos e/ou participações societárias da companhia e de suas subsidiárias”.
A petroquímica estaria negociando a venda de unidades industriais de produção de polipropileno nos estados do Texas, da Pensilvânia e da Virgínia Ocidental, nos EUA.
A negociação vem sendo liderada pela Novonor, que é a acionista controladora e possui 50,1% do capital votante da Braskem. A Petrobras, por sua vez, tem 47%.
Também por meio de nota, a Unipar confirmou a assinatura do acordo de confidencialidade com a Braskem para avaliar a viabilidade de aquisição de ativos.
“A companhia informa que está constantemente avaliando oportunidades e alternativas para investimentos e aquisições de participações societárias ou de ativos”, diz a empresa.
A Unipar ressaltou, no entanto, que não há nenhuma definição sobre os ativos ou participação que poderiam fazer parte da operação. A companhia afirmou ainda que, até o momento, não foram firmados documentos relacionados à transação.
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