O ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten, afirmou à Polícia Federal (PF) que conversou pela última vez com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid em agosto de 2023, meses após a primeira prisão dele, e negou ter tentado acessar ou influenciar a delação premiada do tenente-coronel.
À PF, Wajngarten destacou que, depois de agosto de 2023, não esteve mais com a família de Mauro Cid nem com o próprio ex-ajudante de ordens. Questionado sobre ligações para a esposa de Cid nos meses de agosto e setembro daquele ano, o ex-assessor explicou que os contatos foram de caráter solidário, agindo como um amigo “das más horas”.
Wajngarten também negou ter incentivado Cid a trocar de advogado para adotar uma defesa conjunta, como o próprio ex-ajudante disse em depoimento recente à PF.
“Que acerca das ligações requer seja consignado que atuou corno amigo “das más horas; que reitera que as ligações foram em caráter de solidariedade; indagado sobre o motivo de ter tentado convencer Gabriela Cid a trocar a defesa técnica de Mauro Cid, respondeu que não se recorda se tratou desse assunto, mas acredita que não; indagado se tentou impedir que Mauro Cid firmasse acordo de colaboração com a Policia Federal, respondeu que jamais tratou desse assunto”, diz o trecho do depoimento divulgado pela PF.
Ele ressaltou que a amizade entre os dois surgiu durante o período em que trabalharam juntos no governo Bolsonaro e contou que Cid chegou a assistir aos jogos da Copa do Mundo em sua casa.
Obstrução
Wajngarten foi ouvido nessa terça-feira (1º/7) pela PF, no inquérito que investiga suposta tentativa de obstrução às apurações sobre uma trama golpista. Ele foi citado por Mauro Cid como alguém que teria buscado informações sobre a delação premiada do ex-ajudante de ordens.
Após prestar depoimento por cerca de uma hora na sede da PF em São Paulo, o ex-assessor negou as acusações e disse estudar processar os responsáveis por “denunciação caluniosa”.
“Não fiz nada. Sempre ajudei as pessoas, fui um amigo das más horas. Quando o Cid foi preso, eu fui visitá-lo na cadeia, em respeito à nossa relação. Iria de novo, se assim fosse necessário. (…) Em hipótese alguma houve tentativa de desorganizar ou atrapalhar qualquer investigação”, declarou Wajngarten a jornalistas após o depoimento.
Também foi ouvido na terça-feira o advogado de Jair Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, no mesmo inquérito.
Segundo a defesa de Cid, os advogados teriam abordado a mãe, a esposa e uma filha do tenente-coronel para tentar convencer o principal delator do caso a mudar de advogado.
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