Trump ironiza Powell e diz que pensa em assumir o comando do Fed

Antes mesmo do anúncio do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) sobre a taxa básica de juros, previsto para a tarde desta quarta-feira (18/6), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o chefe da autoridade monetária, Jerome Powell.

Nesta manhã, em entrevista a repórteres na Casa Branca, Trump se antecipou e lamentou previamente a provável decisão do Fed de manter inalterados os juros da economia norte-americana, apesar das pressões do governo pela queda das taxas.

“Powell é atrasado demais”, afirmou Trump, repetindo o bordão que vem marcando suas críticas ao presidente do Fed.

Brincando com os jornalistas, Trump disse ainda que está pensando em nomear si próprio para a presidência do Banco Central dos EUA.

Fed anuncia taxa de juros

Em sua última reunião, nos dias 6 e 7 de maio, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano.

Antes das três últimas reuniões, o Fed tinha levado a cabo um ciclo de três quedas consecutivas dos juros nos EUA, que começou em setembro do ano passado – o primeiro corte em cinco anos.

A taxa básica de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação. Quando a autoridade monetária mantém os juros elevados, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que se reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.

Na última quarta-feira (11/6), pouco depois do anúncio dos dados de inflação nos EUA em maio, que vieram abaixo das projeções do mercado, Trump já havia cobrado a queda da taxa de juros.

Segundo o Departamento do Trabalho, o Índice de Preços ao Consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação oficial no país, ficou em 2,4% em maio, na base anual, uma leve alta em relação aos 2,3% registrados em abril.

Na comparação mensal, o índice foi de 0,1%, ante 0,2% em abril.

Os resultados da inflação nos EUA vieram abaixo do esperado pelo mercado. A média das estimativas era de 2,5% (anual) e 0,2% (mensal).

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Guerra entre Trump e Powell

Desde o início de seu atual mandato, Donald Trump vem pressionando publicamente o presidente do Fed, Jerome Powell, a baixar os juros da economia norte-americana. No último dia 4, por meio das redes sociais, Trump chamou Powell de “atrasado”.

Na semana anterior, o presidente dos EUA havia recebido o chefe do Fed para uma reunião na Casa Branca, em uma iniciativa interpretada como uma tentativa de pacificar a relação entre os dois.

Em meados de abril, Donald Trump já havia subido o tom contra o chefe da autoridade monetária e cobrado a redução da taxa de juros no país.

“Os preços do petróleo caíram, os alimentos estão mais baratos e os EUA estão enriquecendo com as tarifas. O ‘atrasado’ já deveria ter reduzido as taxas de juros, como o BCE [Banco Central Europeu] fez há tempos, mas com certeza deveria reduzi-las agora. A demissão de Powell não pode vir rápido o suficiente”, afirmou Trump, na época.

Poucos dias depois, diante do mal-estar no mercado e da queda das bolsas nos EUA e na Europa, Trump recuou, amenizou o tom e praticamente afastou a hipótese de demitir Powell. “Nunca tive essa intenção. A imprensa exagera as coisas”, disse a repórteres.

“Não, não tenho intenção de demiti-lo. Gostaria de vê-lo ser um pouco mais ativo em relação à sua ideia de reduzir as taxas de juros”, prosseguiu o presidente dos EUA. “Acreditamos que este é o momento perfeito para reduzir a taxa, e gostaríamos de ver nosso presidente [do Fed] agir com antecedência ou pontualmente, em vez de com atraso.”

A diretoria do Federal Reserve é composta por sete integrantes que cumprem mandatos de 4 a 14 anos – todos são indicados pela Presidência dos EUA. A indicação para o cargo de presidente do Fed é definida pela Casa Branca e confirmada por uma votação no Senado norte-americano a cada 4 anos.

Em 2022, Jerome Powell foi indicado pelo então presidente dos EUA, Joe Biden, para um segundo mandato à frente do Fed – que termina em maio de 2026. O entendimento majoritário nos EUA é o de que o presidente do Fed não pode ser removido do cargo sem que haja uma “justa causa”. Há, no entanto, um caso pendente de decisão pela Suprema Corte do país que remete a um precedente estabelecido há 90 anos, em 1935.

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