Tarifaço é “ação política, não tem nada de econômico”, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), voltou a criticar a decisão do governo dos Estados Unidos de impor um tarifaço comercial de 50% sobre grande parte das exportações brasileiras destinadas aos norte-americanos.

As declarações do chefe da equipe econômica foram dadas nesta terça-feira (16/9), durante um evento promovido por um banco, do qual Haddad participou por videoconferência. No dia anterior, o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a fazer ameaças de aplicar novas sanções contra o Brasil.

Ao justificar a tarifa de 50% sobre os produtos importados do Brasil, Trump alegou que o país estaria promovendo uma “caça às bruxas” que teria como maior alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado do líder norte-americano.

De acordo com a Casa Branca, o Judiciário brasileiro estaria perseguindo Bolsonaro com o intuito de inviabilizá-lo politicamente. Na semana passada, o ex-presidente foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ter liderado uma tentativa de golpe de Estado no país, após ser derrotado nas eleições de 2022.

“Declaradamente, é uma ação política. Não tem nada de econômico no movimento feito pelos EUA. Eles acumulam, em 15 anos, um superávit de bens e serviços de mais de US$ 400 milhões. Não havia nenhuma razão para o Brasil ter um tratamento diferente do Uruguai, do Paraguai, da Argentina e da América do Sul como um todo”, defendeu Haddad ao ser questionado sobre o tarifaço.

Segundo o ministro, apesar dos impactos do tarifaço sobre diversos setores da economia, o Brasil vem conseguindo buscar alternativas. “As nossas exportações para os EUA somam 12% das nossas exportações totais. O que é afetado pelo tarifaço é cerca de 4%. E quase dois terços desses 4% são commodities que já estão sendo direcionadas para outros mercados. Não está faltando, neste momento, comprador para as mercadorias brasileiras”, disse Haddad.

“Está sendo feita uma gestão não apenas do governo, mas de uma parte grande do empresariado, que está em contato com autoridades e suas contrapartes americanas. Há um caminho, desde que haja boa vontade de separar o que é econômico e o que é político”, prosseguiu o ministro.

Segundo Haddad, “o Brasil tem toda vontade de sentar à mesa, mas temos uma Constituição e a separação de Poderes, que nós respeitamos”. “Temos de respeitar todos os trâmites que a Constituição prevê”, completou.

Créditos da Noticias

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