Tarifa põe café brasileiro em “flagrante desvantagem”, diz associação

O tarifaço comercial de 50% imposto pelo governo dos Estados Unidos sobre boa parte dos produtos exportados pelo Brasil aos norte-americanos deve prejudicar duramente a competitividade do café nacional no mercado. A avaliação foi feita pela Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), que representa a indústria do setor cafeeiro no país.

O café não foi incluído na lista de mais de 700 produtos importados do Brasil que ficarão isentos das tarifas – no rol de exceções, estão, por exemplo, o suco de laranja e itens relacionados à aviação (veja a lista completa abaixo).

“A imposição desta tarifa de 50% coloca o Brasil em uma flagrante desvantagem competitiva. Enquanto o México, nosso principal concorrente, poderá comercializar sem tarifas e outros fornecedores enfrentarão taxas de 10% a, no máximo, 27%, o café solúvel brasileiro será o mais penalizado”, afirma o diretor executivo da Abics, Aguinaldo Lima.

Atualmente, os EUA são o principal destino das exportações do café brasileiro. No ano passado, de acordo com dados da própria Abics, foram importadas 780 mil sacas de 60 quilos do produto, o que correspondeu a 20% do total do segmento.

As negociações entre os dois governos vêm sendo acompanhadas pela Abics e outras associações, que mantêm “estreito contato” com clientes nos EUA.

Segundo informações do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as conversas vêm se desenrolando com entidades como a National Coffee Association (NCA), além de importadoras e redes de cafeteria.

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No fim de julho, o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, admitiu, em entrevista à CNBC, que o país pode recuar e decidir isentar alguns produtos “incapazes de crescer em solo americano” das tarifas comerciais anunciadas pelo presidente norte-americano Donald Trump.

Entre esses itens, segundo Lutnick, estariam café, cacau, manga, abacaxi e alguns recursos naturais. O secretário do Comércio, um dos aliados mais próximos de Trump, não mencionou os países que poderiam ser beneficiados com a possível isenção.

“Em nossos acordos comerciais, nossa expectativa é que, em relação aos recursos naturais indisponíveis, como uma banana, outras especiarias e raízes, pode não haver tarifa”, afirmou Lutnick, na ocasião.

Ainda de acordo com o secretário do Comércio, se os EUA decidirem não tarifar o café ou o cacau, por exemplo, os países possivelmente beneficiados terão de abrir seus mercados para a soja norte-americana, como contrapartida.

“Por que vocês esperam nos vender café e cacau e não nos deixam vender soja? Parece injusto. Vamos tornar isso justo”, defendeu. O café é um dos principais produtos vendidos pelo agronegócio brasileiro.

Créditos da Noticias

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