Parceria entre SEEDF e Ancine testou tecnologias assistivas em exibição do filme ‘Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa’
Por Giordano Bazzo, Ascom/SEEDF
O evento contou com a presença de 120 estudantes de três escolas da rede pública do DF | Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF.
Aos 14 anos, Lurdes Khamilly Quinteiro já havia ido ao cinema, mas nunca como nesta quinta-feira (4). A estudante surda do 9º ano do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 07 Ceilândia não conseguia acompanhar os filmes por causa das “legendas muito rápidas” e pela falta de janelas com intérpretes de Libras. No entanto, nesta quinta, a aluna assistiu a um filme com total acessibilidade durante a sessão especial de ‘Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa’, promovida pelo projeto “Cinema de Todos para Todos“.
A iniciativa é uma parceria entre a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), por meio da Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral (Subin).
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A experiência de Lurdes reflete a realidade de muitos estudantes com deficiência que, pela primeira vez, puderam assistir a um filme com total acessibilidade no CineSystem do CasaPark. “Estou gostando muito por causa da inclusão. Tem muitos surdos, e estou gostando“, disse ela, por meio do intérprete Ramon Mota, durante a sessão especial.
A sessão das 10h reuniu alunos do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV), da Escola Bilíngue Libras e Português Escrito do Plano Piloto e do CEF 07 Ceilândia.
Para Vera Barros, subsecretária de Educação Inclusiva e Integral da SEEDF, o evento representa muito mais do que uma sessão de cinema. “A importância é de você poder dar visibilidade à acessibilidade. O que garante a inclusão é acessibilidade“, explica Vera. Ela destaca que a SEEDF trabalha há muito tempo com essa pauta e anuncia uma ampliação do projeto.
A secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, conversou com os estudantes antes da sessão | Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF.
“Nós teremos uma extensão desse projeto agora em outubro no Cine Brasília, com quatro sessões para atender em torno de 2.400 estudantes dos Centros de Ensino Especial“, revelou.
A secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, esteve presente no evento e reforça que a acessibilidade não é uma concessão, mas um direito. “A própria Secretaria vai ter o seu festival de cinema inclusivo no final do mês. Nós temos que caminhar para isso e a sociedade precisa ajudar“, afirmou.
Tecnologia a serviço da inclusão
Em uma das salas, o filme foi exibido com Libras projetada diretamente na tela | Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF.
Durante a sessão, foram testadas diferentes tecnologias assistivas. Uma sala contou com audiodescrição para pessoas com deficiência visual, enquanto outra exibiu o filme com Libras projetada diretamente na tela, uma novidade que não é comum nos cinemas convencionais.
Leandro de Sousa Mendes, secretário de Regulação da Ancine, explica que a agência trabalha desde 2023 para melhorar o cumprimento da lei que obriga a acessibilidade nas salas de cinema. “Hoje temos cinco aplicativos em todos os cinemas, então é possível que todo deficiente auditivo e visual consiga ver um filme com acessibilidade“, conta.
O objetivo da ação desta quinta (4) também foi coletar a impressão dos estudantes para aprimorar as políticas de acessibilidade e estudar a viabilidade de tornar obrigatórias algumas sessões especiais para esse público.
Mudança na vida dos estudantes
Lourdes Quinteiro, aluna surda do 9º ano do CEF 07 Ceilândia, assistiu pela primeira vez um filme com total acessibilidade | Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF.
Para Lurdes, que não frequentava o cinema devido à falta de acessibilidade, a experiência abre novas possibilidades. Questionada se frequentaria mais cinemas, caso esse sistema fosse implementado em todas as salas, sua resposta é categórica: “Claro, com certeza“.
Ana Paula Feminella, secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, destaca a importância de proporcionar essas experiências desde o ensino fundamental. “É a vivência da cidadã e do cidadão conseguindo acessar a cultura nacional. Este é o começo de uma parceria importante do governo federal com a SEEDF“.
Alex Braga Muniz, diretor-presidente da Ancine, ressalta que o projeto “Cinema de Todos para Todos” só é possível com o apoio da Secretaria de Educação. “Sem a parceria da Secretaria, não seria possível trazer essas crianças para ter essa experiência. É o primeiro passo de uma caminhada que leva à efetiva inclusão de pessoas com deficiência nas salas de cinema“, destacou.
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