Sem servidor valorizado, não há saúde pública que funcione

A saúde pública do Distrito Federal vive uma crise crônica que se agrava a cada dia. Casos de abandono, superlotação,  mortes que poderiam ser evitadas e a falta de atendimento básico tornaram-se rotina, estampando as páginas dos jornais e gerando revolta na população. O caos, que já foi naturalizado por muitos gestores, tem levado parte da sociedade ao desespero — em alguns casos, até à depredação de unidades, numa tentativa extrema de chamar a atenção do poder público. Um grito de socorro preso na garganta de quem vê entes queridos morrerem à espera de atendimento.

Mas a pergunta que não cala é: por que os governantes não consegue resolver os problemas da saúde pública? A resposta está no abandono sistemático dos servidores que sustentam o SUS. Falta investimento, estrutura, mas, acima de tudo, falta valorização dos profissionais da saúde — os verdadeiros pilares do atendimento público.

Sem servidor valorizado, não há saúde que funcione. O número de afastamentos por adoecimento, o chamado absenteísmo, cresce a cada ano. Segundo dados do próprio GDF, mais de 12 mil servidores da saúde se afastaram por motivos de saúde entre 2022 e 2024. Isso revela um sistema que adoece não só os pacientes, mas também quem cuida deles. São trabalhadores que enfrentam jornadas exaustivas, recebem os menores benefícios entre os servidores do DF e convivem com a frustração de serem ignorados.

Um exemplo gritante desse descaso é o dos servidores da Carreira GAPS, que há anos reivindicam uma reestruturação justa, equiparação de direitos e reconhecimento. Mesmo após diversas tentativas de diálogo, o governo segue sem apresentar uma proposta concreta ou sequer dar uma resposta às demandas da categoria.

Para a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, o problema da saúde pública do DF passa, necessariamente, pela valorização dos servidores. “Não existe saúde de qualidade sem trabalhador valorizado. O que vemos é um abandono institucionalizado. Os profissionais estão doentes, exaustos e sem perspectiva. O governo precisa parar de tratar o servidor como peso e começar a enxergá-lo como parte da solução”, afirma.

A verdade é que não haverá eficiência na saúde pública enquanto o servidor for tratado como um número. Valorizar os profissionais da saúde não é apenas uma questão de justiça — é a única saída viável para garantir um atendimento digno à população. Sem isso, o colapso continuará sendo o único plano em execução.

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