Sem acordo por Alagoas, Nelson Tanure pode desistir de comprar Braskem

O empresário Nelson Tanure, que apresentou uma proposta para a compra da fatia de controle que a Novonor (antiga Odebrecht) possui na Braskem, pode acabar desistindo da petroquímica.

O maior empecilho para o negócio, neste momento, é a falta de um acordo com autoridades envolvendo questões legais relacionadas ao trágico episódio do afundamento do solo em Maceió (AL), em 2018.


Entenda

  • Em 2018, um projeto de extração de sal liderado pela Braskem causou o colapso do solo em Maceió, o que levou cerca de 55 mil pessoas a deixarem suas casas e seus negócios.
  • Mais de 14 mil imóveis foram condenados em cinco bairros da capital de Alagoas: Pinheiro, Bom Parto, Mutange, Bebedouro e Farol. O afundamento do solo abriu rachaduras em ruas, prédios e casas.
  • O Metrópoles fez uma reportagem especial sobre o caso, publicada em maio de 2021. Na época, as vítimas da tragédia utilizaram muito a palavra “afundamento” como metáfora para o que estavam vivendo.
  • Nos últimos anos, a Braskem já teve de desembolsar cerca de R$ 13 bilhões.

No início de julho, a Braskem informou que a Novonor comunicou à empresa que a NSP Investimentos e o fundo de investimento Petroquímica Verde pediram autorização ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para uma negociação envolvendo as ações da Novonor na petroquímica.

A NSP é uma holding da Novonor, que possui participação na Braskem. Já a Petroquímica Verde é um fundo de investimento do empresário Nelson Tanure. Em maio deste ano, a Braskem já havia informado que a Novonor tinha recebido uma proposta de Tanure para a compra da fatia de controle que a companhia detém na petroquímica.

Tanure assinou, em maio deste ano, um documento de exclusividade de 90 dias para discutir os termos da oferta para comprar a participação da Novonor na Braskem. Esse prazo termina no dia 21 de agosto e, até o momento, o imbróglio ambiental ainda não foi resolvido.

“Um acordo com todas as entidades envolvidas no desastre de Alagoas é ‘sine qua non’. Sobretudo, da não transferência da responsabilidade penal e de equacionamento financeiro para os novos acionistas”, afirmou Tanure em nota encaminhada à agência de notícias Reuters.

Venda de ativos nos EUA

Em paralelo às negociações com Tanure, a Braskem confirmou, na última sexta-feira (8/8), que está em tratativas sobre a possível venda de ativos nos Estados Unidos. As conversas estão acontecendo com a Unipar, com a qual a petroquímica assinou um acordo de confidencialidade no mês passado.

De acordo com comunicado da Braskem ao mercado, as negociações tratam de “potenciais oportunidades envolvendo ativos e/ou participações societárias da companhia e de suas subsidiárias”.

A petroquímica estaria negociando a venda de unidades industriais de produção de polipropileno nos estados do Texas, da Pensilvânia e da Virgínia Ocidental, nos EUA.

A negociação vem sendo liderada pela Novonor, que é a acionista controladora e possui 50,1% do capital votante da Braskem. A Petrobras, por sua vez, tem 47%.

Também por meio de nota, a Unipar confirmou a assinatura do acordo de confidencialidade com a Braskem para avaliar a viabilidade de aquisição de ativos.

“A companhia informa que está constantemente avaliando oportunidades e alternativas para investimentos e aquisições de participações societárias ou de ativos”, diz a empresa.

A Unipar ressaltou, no entanto, que não há nenhuma definição sobre os ativos ou participação que poderiam fazer parte da operação. A companhia afirmou ainda que, até o momento, não foram firmados documentos relacionados à transação.

Créditos da Noticias

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