O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, deixou claro, nessa terça-feira (27/5), qued a entidade se opõe ao aumento de alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado na semana passada pela equipe econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O IOF é um tributo federal que alcança pessoas físicas e empresas e incide sobre operações que envolvem crédito, câmbio, seguros e títulos mobiliários.
As medidas anunciadas pelo Ministério da Fazenda na última quinta-feira (22/5) visavam ao aumento da arrecadação. No entanto, a reação negativa do mercado financeiro fez com que a pasta voltasse atrás em alguns pontos, horas depois.
Um dos trechos revogados diz respeito às aplicações de investimentos de fundos nacionais no exterior. Originalmente, a alíquota para tal movimentação era zero. Com as mudanças anunciadas pela Fazenda, foi implementada a taxação equivalente a 3,5%. Horas depois, o governo recuou e voltou a zerar o IOF para esse tipo de transação.
O segundo ponto se refere à cobrança de IOF sobre remessas ao exterior por parte de pessoas físicas. O Ministério da Fazenda esclareceu que as remessas destinadas a investimentos continuarão sujeitas à alíquota atualmente vigente de 1,1% – ou seja, sem alterações.
Por outro lado, os aumentos de IOF na compra de moeda estrangeira, nos gastos com cartões no exterior e em depósitos mensais acima de R$ 50 mil em previdência privada foram mantidos.
Em declarações dadas durante um evento promovido pela Fiesp, Josué Gomes da Silva classificou o aumento do IOF como um “absurdo” e uma medida “insensata”. Segundo ele, a decisão do governo agrava uma situação já delicada das empresas, atingidas pela elevada taxa de juros.
“Acredito que [a medida] será revertida porque ela não tem cabimento. Nós lutamos 30 e poucos anos para acabar com os impostos indiretos cumulativos, e aí vem o IOF aumentando”, criticou. “Isso é um absurdo, nós vamos combater fortemente.”
O discurso do presidente da federação industrial foi aplaudida pelo público que estava presente no auditório da Fiesp, em São Paulo.
Leia também
-
Setor de seguros: incidência de IOF no VGBL prejudica classe média
-
CAE do Senado aprova convite a Haddad para falar sobre o IOF
-
Setor produtivo se manifesta contra aumento do IOF pelo governo Lula
-
PL no Senado quer convocar Haddad para explicar aumento do IOF
Fiesp divulgou nota contra aumento
Na semana passada, por meio de nota, a Fiesp já havia criticado duramente o aumento das alíquotas do IOF, que, segundo a entidade, “inibe investimentos e prejudica o crescimento”.
“Tais medidas terão como consequência o aumento dos custos das empresas, inclusive as do setor industrial, já penalizadas pela distribuição tributária desigual e pela dificuldade de acesso ao crédito – sobretudo em um ambiente marcado por taxa básica extremamente contracionista e spreads bancários excessivamente elevados”, afirmou a Fiesp.
“Tais medidas vão na contramão de ações voltadas à retomada da indústria – como o programa Nova Indústria Brasil (NIB) – e à necessidade de preparar a indústria para o futuro, inclusive, para aproveitar as oportunidades ligadas à transição energética”, prosseguiu a entidade industrial.
A nota disse ainda que “a Fiesp apoia o compromisso com o equilíbrio das contas públicas e a responsabilidade fiscal”, mas “esse objetivo não deve ser alcançado por meio da elevação da carga tributária sobre o setor produtivo, que já lida com obstáculos estruturais de longa data e precisa enfrentar um contexto econômico desafiador, marcado por um cenário externo incerto e condições financeiras restritivas”.
Juros precisam cair, diz Josué
Em sua fala, o presidente da Fiesp também voltou a criticar a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, que atualmente está em 14,75% ao ano – maior patamar em quase duas décadas.
“Todos nós precisamos dar as mãos para, assim como fizemos no Plano Real, como sociedade, quando conseguimos pôr fim ao flagelo que era a hiperinflação, que a gente consiga também, finalmente, fazer com que o Brasil passe a ter taxas de juros normais para um país riquíssimo”, afirmou Josué.









Leave a Reply