Dados de um levantamento realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) mostram que empresas brasileiras do setor já demitiram cerca de 4 mil trabalhadores desde o tarifaço comercial imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A Casa Branca aplicou tarifas de até 50% sobre grande parte dos produtos exportados pelo Brasil aos norte-americanos.
Segundo a pesquisa da Abimci, além das demissões, as companhias também colocaram cerca de 5,5 mil funcionários em férias coletivas. Outros 1,1 mil tiveram seus contratos de trabalho suspensos temporariamente (o chamado “layoff”).
Os dados da Abimci, obtidos junto às empresas do setor, se referem ao período entre 9 de julho (quando o tarifaço foi anunciado) e 15 de setembro de 2025.
De acordo com projeções da entidade, caso não haja uma reversão ou diminuição das tarifas impostas ao setor, são esperadas pelo menos mais 4,5 mil demissões nos próximos dois meses.
50% da madeira brasileira vai para os EUA
Os EUA são o destino de metade da produção de madeira do Brasil. Em alguns segmentos, no entanto, esse percentual chega a 100%, com todas as vendas direcionadas ao mercado norte-americano.
Em 2024, as exportações brasileiras de madeira para os EUA somaram US$ 1,6 bilhão (o equivalente a R$ 8,49 bilhões, pela cotação atual).
“Houve redução no fechamento de novos contratos devido à imprevisibilidade tarifária gerada após o anúncio da taxação. O cenário é confirmado pelas exportações de agosto que, em comparação com julho, apontam quedas de 35% a 50% no volume embarcado para os EUA de alguns dos principais produtos de madeira processada”, disse a Abimci, por meio de nota.
Os estados mais atingidos pelo tarifaço dos EUA são Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, responsáveis por 180 mil empregos no setor madeireiro.
Tarifaço contra o Brasil
O Brasil é o país que foi alvo das maiores taxas dos EUA. Donald Trump anunciou a aplicação de tarifas extras de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil aos norte-americanos. Até o momento, não houve avanço significativo nas negociações entre os governos brasileiro e dos EUA.
Os EUA também instauraram investigação comercial, aberta pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês), a pedido de Trump. O governo norte-americano afirma que a análise pretende investigar supostas práticas comerciais desleais do Brasil em relação aos EUA e cita como exemplo as recentes disputas judiciais envolvendo plataformas digitais.
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