O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou nesta terça-feira (26/5) que as tentativas de negociação do tarifaço com o governo dos Estados Unidos têm sido comprometidas por “forças internas”. Para Durigan, elas têm “atuado contra o interesse nacional”.
Embora não tenha citado nomes, as críticas de Durigan tinham como alvo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nesta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também atacou Eduardo. Ele o chamou de “traidor da pátria” e acrescentou que o parlamentar “já deveria ter sido expulso da Câmara dos Deputados”.
Durigan, dessa maneira, engrossou o coro contra o filho e os aliados do ex-presidente. “Temos trabalhado em várias frentes para estabelecer um contato e uma agenda de negociações”, disse o secretário. “O que tem sido atrapalhado por forças internas brasileiras, que têm atuado contra o interesse nacional e por ruídos nos EUA.”
A afirmação do secretário foi feita durante evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pelo Council of the Americas. O seminário, intitulado “O Novo Cenário Global e o Papel do Setor Privado nas Relações Brasil–EUA”, aconteceu na sede da entidade industrial, em São Paulo. Estava prevista a participação do ministro Fernando Haddad, que cancelou a agenda e foi substituído por Durigan.
“Sem fundamento”
O secretário do Ministério da Fazenda disse que a ação “unilateral do governo dos EUA”, foi recebida com “surpresa e tristeza”. Ele afirmou, marcando uma posição que tem sido adotada em uníssono pelo governo, que não há fundamento econômico para a imposição das tarifas de 50% contra produtos brasileiros importados pelos EUA.
“Quando olhamos para os números, o Brasil tem um déficit na balança de bens com os EUA nos últimos 15 anos de algo como US$ 90 bilhões, o que representa R$ 500 bilhões ao câmbio de R$ 5,50”, afirmou. “Na balança de serviços, que é menos falada, o Brasil acumula um déficit com os EUA de US$ 40 bilhões também nos últimos 15 anos, algo como R$ 220 bilhões.”
Durigan concluiu: “Isso quer dizer que a gente enviou de alguma maneira para os EUA cerca de R$ 720 bilhões, o que equivale a algo como 6% do nosso PIB (Produto Interno Bruto) atualizado”.
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