A guerra declarada entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) ganhou um novo capítulo. Em comunicado divulgado na noite dessa terça-feira (26/8), a autoridade monetária saiu em defesa da diretora Lisa Cook, que teve sua demissão anunciada por Trump no início da semana.
Segundo a nota do Fed, Cook, que integra o Conselho de Governadores da instituição, não pode ser demitida sem “justa causa” e permanecerá no cargo.
Com isso, na prática, o Fed anunciou que está disposto a entrar em uma eventual batalha jurídica contra a Casa Branca. O caso deve chegar aos tribunais.
“Mandatos prolongados e proteções contra demissões arbitrárias asseguram que as decisões do Fed sejam baseadas em dados, análise econômica e nos interesses de longo prazo do povo americano”, diz o comunicado divulgado pelo Fed.
Na nota, a autoridade monetária norte-americana afirma ainda que seus diretores têm “mandatos fixos de 14 anos” e só podem ser afastados pela Presidência da República “por justa causa”, de acordo com o Federal Reserve Act – lei de 1913 que trata do funcionamento do BC dos EUA.
Ainda segundo o Fed, Lisa Cook, por meio de seu advogado, pretende acionar a Justiça e contestar “qualquer tentativa” de afastá-la de seu cargo na autoridade monetária.
O Fed diz, ainda, que Cook “continuará exercendo suas funções, conforme previsto em lei” e que o BC dos EUA, “como de costume, cumprirá qualquer decisão judicial”.
Entenda o caso
No início da semana, Donald Trump usou as redes sociais para anunciar a demissão de Cook da autoridade monetária por uma suposta fraude em contratos de hipoteca. Em um comunicado publicado em seu perfil na Truth Social, o presidente dos EUA afirmou que Cook teria feito “declarações falsas” em contratos de hipoteca.
“O povo americano precisa ter plena confiança na honestidade dos membros encarregados de definir a política e supervisionar o Federal Reserve”, completou Trump.
Na semana passada, Trump havia mencionado um pedido do chefe da Agência Federal de Financiamento Habitacional dos EUA (FHFA, na sigla em inglês) para que o Departamento de Justiça dos EUA investigasse a diretora do Fed pela eventual fraude.
O presidente do conselho da FHFA, Bill Pulte, disse que Cook teria cometido a fraude ao designar um condomínio como residência principal apenas duas semanas depois de tomar um empréstimo para uma outra casa de sua propriedade no estado do Michigan.
“Quando alguém comete fraude hipotecária, prejudica a fé e a integridade do nosso sistema. Não importa quem você é: ninguém está acima da lei”, escreveu Pulte em publicação no X (antigo Twitter).
Na terça-feira, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutcnik, um dos aliados mais próximos de Trump, fez coro ao republicano e defendeu a saída imediata de Cook.
“A Sra. Lisa Cook precisa ser respeitosa com o país neste momento e ir embora. Ela deve sair e rezar, pedindo a Deus para que a polícia não vá buscá-la”, disse Lutnick, em entrevista à CNBC.
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