A Conferência de Bonn, na Alemanha, terminou nessa quinta-feira (26/6) marcada por um impasse e acendeu o alerta sobre o que deve ser o principal ponto de discussão na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), marcada para novembro, no Brasil. Países em desenvolvimento tentaram incluir na pauta a previsão de financiamento climático por países ricos, o que gerou um imbróglio e até atraso nas negociações.
A solicitação foi para inclusão na agenda de um artigo do Acordo de Paris que trata do investimento em mecanismos anti-mudança climática. O assunto foi levantado pela Bolívia, que representa um grupo chamado de LMDC (sigla para “like-minded developing countries”, que pode ser traduzido para países em desenvolvimento com ideias afins). O grupo é formado também por Arábia Saudita, China e Índia.
Uma espécie de trauma deixado pela COP29 no Azerbaijão seria a razão para a solicitação de inclusão na pauta. No ano passado, países em desenvolvimento deixaram a Conferência do Clima de mãos abanando com uma meta de financiamento longe do ideal. Ela não colocou sobre as nações mais ricas, de maneira objetiva, o dever de fornecer verba e outros tipos de recursos.
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A discussão sobre financiamento estava prevista para somente uma das mesas da Conferência de Bonn, mas logo contaminou todos os debates. No fim das contas, ficou prevista a discussão na COP30 para viabilizar aproximadamente US$ 1,3 trilhão em fluxos financeiros globais.
Segundo o documento que servirá de consulta, estão entre as opções para realizar essa operação: a reforma de instituições financeiras multilaterais, mudanças no arcabouço regulatório e ferramentas de financiamento.
Em agenda paralela junto à rede Latin American Climate Lawyers Initiative for Mobilizing Action (Laclima), o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, reconheceu os desafios apresentados.
“O objetivo central ainda não temos como responder. O contexto geopolítico está complicadíssimo — estamos vendo isso aqui em Bonn. Ainda há muitas divergências. O clima tem que se integrar na economia e nos recursos financeiros. Mas estamos muito felizes que a palavra ‘mutirão’ pegou, e estamos sendo orientados e coordenados pelo presidente Lula”, disse.
Segundo a Laclima, há uma divergência de posições que pode complicar as negociações na COP30: “No fim da conferência, duas versões de texto foram apresentadas pelos facilitadores, refletindo posições conflitantes quanto ao escopo temático, duração do processo e natureza dos produtos”.
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