Os Estados Unidos registraram a abertura de 42 mil vagas de emprego no setor privado em outubro deste ano, de acordo com um relatório divulgado nesta quarta-feira (5/11) pelo ADP Research Institute, em parceria com o Stanford Digital Economy Lab.
O resultado do mês passado veio acima das estimativas do mercado. O consenso Refinitiv projetava a criação de 32 mil vagas.
Em setembro, os EUA fecharam 29 mil vagas no setor privado (dado revisado).
O levantamento do ADP também mostrou que os salários no setor privado aumentaram, em média, 4,5% em outubro, na comparação anual. A variação foi a mesma do mês anterior.
Mercado de trabalho
Analistas temem que a aceleração do mercado de trabalho nos EUA leve a um novo aperto da política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano). Por outro lado, dados fracos de emprego alimentariam as projeções mais pessimistas de que a economia dos EUA pudesse entrar em recessão nos próximos meses.
Atualmente, a taxa de juros no país está no intervalo entre 3,75% e 4% ao ano (após redução de 0,25 ponto percentual na última reunião do Fed), e a maioria dos analistas do mercado aposta em mais um corte de juros até o fim de 2025.
A decisão do Fed, anunciada na semana passada, foi tomada em meio a um “voo cego” da autoridade monetária, que não pôde contar com os dados oficiais de emprego nos EUA por causa do “shutdown” – a paralisação de diversos setores da máquina governamental no país, que chegou ao 36º dia e já é a mais longa da história.
Foi a segunda redução consecutiva na taxa de juros pelo BC dos EUA. Na reunião anterior do Fed, em setembro, o corte também havia sido de 0,25 ponto percentual.
Os dados sobre o mercado de trabalho são um dos componentes mais importantes observados pelo BC dos EUA para definir a taxa de juros.
Análise
Segundo André Valério, economista sênior do Banco Inter, outubro apresentou uma recuperação no ritmo de contratação de vagas nos EUA. “Mas essa recuperação não aparenta ser muito difundida, concentrada nos setores de educação, saúde, transportes e utilitários, que, com exceção de transportes, são setores menos cíclicos. Por outro lado, empregadores cortaram vagas em serviços profissionais, de informação e lazer e hospitalidade pelo terceiro mês consecutivo”, afirma.
“No geral, os dados ainda apontam para fragilidades no mercado de trabalho, com a média móvel de três meses na criação de empregos recuando de 24 mil em setembro para apenas 3 mil em outubro. Dada a correlação com o ‘payroll’, é de se esperar um movimento similar no dado oficial”, explica Valério.
De acordo com o economista, “na ausência de dados oficiais, o resultado da ADP favorece, na margem, um novo corte de juros na reunião do Fed de dezembro”. “Até lá, teremos nova divulgação da ADP que será importante para guiar essa decisão. Entretanto, se o ‘shutdown’ não acabar até o próximo dia 10, o Fed deverá realizar essa reunião novamente no escuro, sem dados em tempo real da economia americana.”
Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, observou que “o crescimento não foi generalizado entre setores, e o economista-chefe do ADP notou que as contratações foram modestas em relação ao reportado anteriormente este ano”.
“Este é um relatório não-oficial e de menor importância em relação ao ‘payroll’, que não será divulgado em outubro em meio ao ‘shutdown’ do governo americano. Com isso, se tornou uma leitura essencial para embasar os próximos passos de política monetária no país, já que a motivação para os últimos dois cortes foi justamente o enfraquecimento do mercado de trabalho, em meio a uma inflação ainda elevada}”, destaca Zogbi.
“Os números acima do consenso não foram suficientes para movimentar as expectativas por mais um corte de juros pelo Fed em dezembro, com cerca de 68% de apostas de corte, mesmo patamar observado antes da divulgação do dado.”







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