Em ação sobre golpe, STM pode cassar patente de generais pela primeira vez

Se o MPM (Ministério Público Militar) pedir ao STM (Superior Tribunal Militar) a perda de postos e patentes dos oficiais condenados por participação em tentativa de golpe de Estado, poderá ser a primeira vez que generais passarão por esse tipo de julgamento.

A chamada “declaração de indignidade ou incompatibilidade para o oficialato” permite cassar o posto e a patente de militares condenados criminalmente. Segundo o STM, nunca um general foi julgado com base nesse dispositivo.

Nos últimos oito anos, 75 militares tiveram suas patentes cassadas. A maior parte dos casos envolveu oficiais do Exército (58), seguida pela Aeronáutica (16) e Marinha (14).

Entre as patentes mais atingidas estão 13 coronéis e 10 tenente-coronéis do Exército, além de cinco capitães da Aeronáutica e quatro capitães-tenentes da Marinha, sem contar outras patentes, como tenentes e majores. A média é de 11 casos por ano.

Um militar fica sujeito à perda de posto e patente se for condenado a pena privativa de liberdade superior a dois anos. As condenações nos casos analisados nos últimos oito anos incluem crimes como peculato, porte ilegal de arma e estelionato. De 88 casos analisados, apenas 13 militares não tiveram a patente cassada.

Em nota, o STM afirma que os julgamentos são “instrumentos essenciais para zelar pela honorabilidade, disciplina e conduta ética dos oficiais das Forças Armadas”.

No último dia 11, o STF (Supremo Tribunal Federal) concluiu o julgamento do chamado “núcleo crucial” da trama golpista, condenando todos os réus.

Dos oito condenados, seis são militares, incluindo quatro oficiais-generais:

  • Jair Bolsonaro, capitão
  • Almir Garnier, almirante de esquadra e ex-comandante da Marinha
  • Augusto Heleno, general
  • Mauro Cid, tenente-coronel
  • Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-comandante do Exército
  • Walter Souza Braga Netto, general

Ao estabelecer as sentenças do “núcleo 1” da trama golpista, a Primeira Turma do STF determinou que o STM seja notificado para avaliar a indignidade para o oficialato dos réus militares. Apenas Mauro Cid, condenado a dois anos de prisão como benefício da delação premiada, não corre risco de perder a patente.

O julgamento no STM dependerá do trânsito em julgado da decisão do STF e da representação formal do Ministério Público Militar.

O atual procurador-geral de Justiça Militar, Clauro Roberto de Bortolli, afirmou em nota que sempre fez a representação ao STM em casos de condenação superior a dois anos, “independentemente da situação funcional do oficial (ativo, reserva ou reformado)”.

Nos bastidores do Judiciário, a nota foi vista como indicativa de que o caso do plano de golpe será tratado de forma semelhante.

Contudo, interlocutores do STM avaliam que há chance de empate no julgamento, cenário em que resultado é proclamado de forma favorável aos réus.

CNN apurou que, tão logo o processo chegue ao STM, será tratado com prioridade, com a distribuição célere a um relator. Caberá a esse ministro conduzir o processo e ditar o ritmo do seu andamento.

Por Por Brasília

Fonte CNN Brasil

Foto: CNN

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