Em 6 meses, tarifaço de Trump chacoalhou o Brasil e o mundo. Relembre

O tarifaço comercial imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a grande parte dos produtos exportados pelo Brasil aos norte-americanos entrou em vigor nesta quarta-feira (6/8), cerca de seis meses depois do primeiro anúncio feito pela Casa Branca, em fevereiro.

A medida elevou para 50% a alíquota de importação sobre parte das exportações do Brasil. A decisão foi oficializada por meio de uma ordem executiva assinada no dia 30 de julho. No documento, o governo norte-americano classifica o Brasil como um risco à segurança nacional, justificando a adoção da tarifa mais elevada.

A taxação é resultado da aplicação de uma sobretaxa de 40% sobre os atuais 10% já cobrados, dentro do que o governo dos EUA chamou de “ajuste recíproco” das tarifas com seus principais parceiros comerciais. O Brasil foi o país mais afetado no novo pacote tarifário.

A medida está amparada na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, de 1977, e inclui a declaração de uma nova emergência nacional voltada especificamente ao Brasil.

Embora tenha assinado ordem executiva que oficializa a tarifa de 50% a produtos importados do Brasil, Trump deixou de fora do tarifaço alguns produtos importantes. Uma lista publicada pela Casa Branca enumerou diversos itens que não serão abrangidos pela ação, entre os quais o suco e a polpa da laranja; minérios de ferro; e artigos de aeronaves civis, seus motores, peças e componentes (o que interessa à Embraer), além de combustíveis.

A relação de exceções inclui quase 700 produtos. Mesmo assim, itens como café, carne e frutas, bastante consumidos pelo mercado norte-americano, não estão na lista de exceções.

Desde que Trump anunciou que taxaria produtos importados de outros países, logo no início de seu governo (o republicano tomou posse no dias 20 de janeiro), o Brasil e o mundo foram chacoalhados por um verdadeiro terremoto comercial que resultou em forte impacto político.

Relembre a cronologia do tarifaço

10/2: tarifa de 25% sobre aço e alumínio

A primeira rodada das tarifas comerciais impostas pelos EUA foi anunciada em fevereiro, com taxas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, incluindo as brasileiras. Na ocasião, o líder norte-americano alegou que a medida se justificava pela “defesa da indústria local” e “proteção da segurança nacional”.

Segundo dados do Departamento do Comércio do governo norte-americano, cerca de 25% do aço e 50% do alumínio usados no país são importados. O Brasil é o segundo maior fornecedor dos EUA, atrás apenas do Canadá.

No ano passado, o Brasil vendeu pouco mais de 4 milhões de toneladas ao país, o que corresponde a 15,5% de tudo o que os EUA compraram de fora. De acordo com o governo norte-americano, o montante chegou a US$ 2,9 bilhões.

Anunciadas em fevereiro, as tarifas sobre aço e alumínio entraram oficialmente em vigor em março.

2/4: tarifa recíproca de 10% sobre o Brasil

No dia 2 de abril, Trump promoveu um evento grandioso na Casa Branca para anunciar uma série de “tarifas recíprocas” sobre diversos países, incluindo parceiros comerciais históricos dos EUA. O Brasil foi alvo de uma taxa de 10%. Segundo Donald Trump, os norte-americanos eram vítimas da “falta de reciprocidade” nas relações comerciais.

30/5: tarifas sobre aço e alumínio aumentam para 50%

No fim de maio, o governo Trump anunciou o aumento das tarifas comerciais sobre as importações do aço e do alumínio, de 25% para 50%. A medida foi tomada menos de três meses depois do anúncio inicial da Casa Branca e foi compreendida como uma clara retaliação dos EUA a políticas comerciais brasileiras consideradas desfavoráveis aos norte-americanos.

9/7: anúncio do tarifaço de 50% sobre o Brasil

Há cerca de um mês, o presidente dos EUA anunciou um tarifaço de 50% sobre grande parte dos produtos importados do Brasil. Ao justificar a medida, Trump disse que o país estaria desrespeitando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que seria perseguido pelo Judiciário.

Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do processo que investiga um suposto golpe de Estado no Brasil. Atualmente, o ex-presidente está em prisão domiciliar, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, pelo não cumprimento de medidas cautelares. Bolsonaro deve ser julgado até setembro.

30/7: confirmação da tarifa de 50% e anúncio de lista de exceções

No fim do mês passado, o governo dos EUA confirmou a aplicação das tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros. Ao mesmo tempo, a Casa Branca divulgou uma lista de quase 700 itens, de vários setores da economia brasileira, que estão isentos das taxas (veja a lista completa abaixo).

6/8: tarifaço de 50% entra em vigor

Nesta quarta-feira, as tarifas comerciais de 50% sobre os produtos brasileiros entraram em vigor. Apesar disso, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue buscando negociar com os EUA – as conversas vêm sendo lideradas pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Economistas afirmam que o maior impacto do tarifaço deve ser sentido pelos setores de carnes, café, frutas e calçados. Ainda há expectativa, por parte dos exportadores brasileiros, que mais itens sejam incluídos na lista de exceções, como o café, por exemplo.

Até o momento, o Brasil é o país mais atingido pelo tarifaço de Trump, com a maior taxa (50%). As tarifas sobre a maioria dos outros países entrarão em vigor na quinta-feira (7/8).

Créditos da Noticias

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