Os solavancos do noticiário voltaram a agitar, nesta terça-feira (26/8), os mercados de câmbio e de ações no Brasil. Com isso, o dólar registrou alta de 0,34% frente ao real, cotado a R$ 5,43. O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), fechou em queda de 0,18%, aos 137.771 pontos.
Ao longo do pregão, no cenário interno, os investidores acompanharam a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). O indicador é considerado uma “prévia” da inflação oficial do país.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 recuou 0,14% em agosto. Essa foi a primeira retração apresentada pelo índice em mais de dois anos, desde julho de 2023, quando houve um recuo de 0,07%.
O número (os 0,14% de agosto), contudo, ficou acima da previsão dos agentes econômicos. Eles projetavam uma queda de 0,19% do ritmo de aumento de preços no mês passado.
Trump ataca novamente
No ambiente externo, os mercados repercutiram a escalada na tensão entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Na segunda-feira (25/8), Trump demitiu a diretora do Fed Lisa Cook. O republicano anunciou a decisão nas redes sociais. Em uma carta direcionada à integrante do BC americano, Trump justificou a medida citando acusações relacionadas a supostas fraudes hipotecárias. Ele afirmou não confiar na integridade de Cook.
“Vou ficar”
Em resposta, Lisa afirmou que o republicano não tem autonomia para afastá-la do cargo. Em uma declaração reproduzida por seus advogados, ela afirmou que “não havia motivo legal” para a demissão. “O presidente Trump alegou ter me demitido ‘por justa causa’ quando não há justa causa prevista em lei, e ele não tem autoridade para fazê-lo”, disse a diretora do Fed.
Volatilidade
Na avaliação de Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, a tentativa de ordenar a demissão de uma dirigente do Fed pelo presidente Trump provocou volatilidade nos mercados, com o retorno das discussões sobre uma eventual perda de independência do maior banco central do mundo – algo que pode pressionar os juros e gerar fluxo vendedor nos mercados.
“Mesmo assim, as bolsas americanas se mantiveram estáveis, evitando movimentos precipitados em resposta ao noticiário político”, diz a economista. “O dólar se fortaleceu globalmente, em meio a um cenário de busca por ativos resilientes, mas o real manteve a tendência de alta em meio a um diferencial de juros expressivo. O IPCA-15 apresentou deflação, mas trouxe números acima do esperado, pressionando os juros futuros para cima em meio a uma sessão de queda do Ibovespa.”
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