Dólar sobe com ressaca do tarifaço, emprego nos EUA e balanço da Vale

O dólar operava em alta nesta sexta-feira (1º/8), abrindo as negociações do mercado no mês de agosto com os investidores repercutindo o anúncio das tarifas comerciais adicionais do governo dos Estados Unidos sobre diversos países do mundo, entre os quais o Brasil.

Outros destaques do mercado nesta sexta são os dados oficiais de emprego nos EUA, divulgados pelo Departamento do Trabalho, e a repercussão do balanço financeiro da Vale referente ao segundo trimestre deste ano.


Dólar

  • Às 9h16, a moeda norte-americana avançava 0,39% e era negociada a R$ 5,623.
  • Na véspera, o dólar encerrou a última sessão de julho em alta de 0,19%, cotado a R$ 5,601.
  • Com o resultado, a moeda dos EUA fechou o mês passado com ganhos acumulados de 3,08% frente ao real. No acumulado do ano, a queda é de 9,37%.

Ibovespa

  • As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam a partir das 10 horas.
  • No dia anterior, o indicador fechou o pregão em baixa de 0,69%, aos 133 mil pontos.
  • Com o resultado, a Bolsa brasileira acumulou queda de 4,17% em julho. Na parcial de 2025, a valorização é de 10,63%.

Ressaca do tarifaço de Trump

No primeiro pregão de agosto, os investidores seguem monitorando os desdobramentos do tarifaço comercial imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre diversos países do mundo.

Na quinta-feira (31/7), Trump assinou um decreto que amplia as chamadas “tarifas recíprocas” aplicadas a dezenas de países. A medida, que eleva os encargos sobre produtos estrangeiros que entram no mercado norte-americano, é justificada pelo governo como uma resposta a desequilíbrios comerciais e, em alguns casos, a questões de segurança pública.

As novas tarifas, que variam entre 10% e 41%, começarão a ser aplicadas no dia 7 de agosto, e não mais neste dia 1º, como prometido anteriormente. No entanto, mercadorias embarcadas para os EUA antes dessa data e que cheguem ao país até 5 de outubro estarão isentas da nova tributação.

A tarifa mais alta, de 41%, foi imposta à Síria. Países como Laos e Mianmar foram sobretaxados em 40%. Suíça (39%), Iraque e Sérvia (35%), além de Argélia, Bósnia e Herzegovina, Líbia e África do Sul (30%) também estão entre os mais afetados.

A União Europeia (UE), o Japão e a Coreia do Sul passarão a enfrentar tarifas de 15% sobre determinados produtos. Já para Costa Rica, Bolívia e Equador, o encargo subiu de 10% para 15%. No mesmo pacote de medidas, Trump também assinou uma ordem executiva específica para o Canadá, elevando de 25% para 35% a tarifa sobre produtos importados do país vizinho.

O Brasil, por sua vez, manteve a alíquota base de 10% estabelecida em abril. No entanto, com o novo decreto, que impõe sobretaxa de 40% a partir da primeira semana de agosto, com exceção de quase 700 produtos, a maior parte das exportações brasileiras passará a enfrentar tarifas efetivas de até 50%.

As tarifas anunciadas fazem parte da estratégia do governo Trump de pressionar países com os quais os EUA mantêm déficits comerciais. Segundo a Casa Branca, a ideia é estabelecer “condições justas e equilibradas” no comércio exterior americano.

Veja lista das tarifas recíprocas ajustadas:

  • Afeganistão: 15%
  • Argélia: 30%
  • Angola: 15%
  • Bangladesh: 20%
  • Bolívia: 15%
  • Bósnia e Herzegovina: 30%
  • Botsuana: 15%
  • Brasil: 10% (acrescido da sobretaxa de 40% anunciada em 30/7)
  • Brunei: 25%
  • Camboja: 19%
  • Camarões: 15%
  • Chade: 15%
  • Costa Rica: 15%
  • Costa do Marfim: 15%
  • República Democrática do Congo: 15%
  • Equador: 15%
  • Guiné Equatorial: 15%
  • União Europeia: 15% (para a maioria dos produtos)
  • Ilhas Malvinas (Falkland): 10%
  • Fiji: 15%
  • Gana: 15%
  • Guiana: 15%
  • Islândia: 15%
  • Índia: 25%
  • Indonésia: 19%
  • Iraque: 35%
  • Israel: 15%
  • Japão: 15%
  • Jordânia: 15%
  • Cazaquistão: 25%
  • Laos: 40%
  • Lesoto: 15%
  • Líbia: 30%
  • Liechtenstein: 15%
  • Madagascar: 15%
  • Maláui: 15%
  • Malásia: 19%
  • Maurício: 15%
  • Moldávia: 25%
  • Moçambique: 15%
  • Mianmar (Birmânia): 40%
  • Namíbia: 15%
  • Nauru: 15%
  • Nova Zelândia: 15%
  • Nicarágua: 18%
  • Nigéria: 15%
  • Macedônia do Norte: 15%
  • Noruega: 15%
  • Paquistão: 19%
  • Papua-Nova Guiné: 15%
  • Filipinas: 19%
  • Sérvia: 35%
  • África do Sul: 30%
  • Coreia do Sul: 15%
  • Sri Lanka: 20%
  • Suíça: 39%
  • Síria: 41%
  • Taiwan: 20%
  • Tailândia: 19%
  • Trinidad e Tobago: 15%
  • Tunísia: 25%
  • Turquia: 15%
  • Uganda: 15%
  • Reino Unido: 10%
  • Vanuatu: 15%
  • Venezuela: 15%
  • Vietnã: 20%
  • Zâmbia: 15%
  • Zimbábue: 15%

“Payroll” nos EUA

Ainda nos EUA, o destaque do dia é a divulgação dos dados oficiais de emprego no país referentes ao mês de julho. Trata-se do chamado “payroll”, um indicador econômico mensal que indica a evolução do emprego no país fora do setor agrícola.

O relatório, divulgado pelo Bureau of Labor Statistics (BLS), é considerado determinante para as avaliações sobre o desempenho da economia norte-americana.

A força do mercado de trabalho nos EUA é um dos componentes considerados pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) para definir a taxa de juros e esfriar a demanda na economia a fim de combater a inflação.

Analistas temem que uma possível aceleração do mercado de trabalho nos EUA leve a um novo aperto da política monetária pelo Fed. Nesse sentido, a criação de vagas acima das expectativas pode ser interpretada como uma notícia negativa.

Atualmente, a taxa de juros nos EUA está no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano – o percentual foi mantido inalterado na última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, nesta semana. A taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação.

Segundo dados do Departamento do Trabalho, a inflação nos EUA ficou em 2,7% em junho, na base anual, ante 2,4% registrados em maio. Na comparação mensal, o índice foi de 0,3%, ante 0,1% em maio.

A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024.

Balanço da Vale

No cenário doméstico, os investidores repercutem a divulgação dos dados financeiros da Vale, uma das empresas de maior peso na Bolsa brasileira, referentes ao segundo trimestre deste ano.

A companhia registrou um lucro líquido de US$ 2,12 bilhões no segundo trimestre deste ano, uma queda de 24% em relação ao mesmo período do ano passado. O desempenho da Vale veio abaixo das estimativas dos analistas do mercado.

A receita líquida da Vale somou US$ 8,8 bilhões, um recuo de 11% na comparação com o segundo trimestre de 2024 – em linha com as projeções do mercado, de US$ 8,81 bilhões.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de US$ 3,4 bilhões, o que correspondeu a uma baixa anual de 14%. Neste caso, o resultado veio acima do esperado pelo mercado, que projetava US$ 3,3 bilhões.

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