O dólar operava em alta nesta terça-feira (5/8), em meio à repercussão no mercado da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada na véspera pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na véspera da entrada em vigor do tarifaço comercial imposto pelo governo dos Estados Unidos sobre diversos países, entre os quais o Brasil, os investidores temem que o endurecimento das medidas contra Bolsonaro leve a um recrudescimento das próprias tarifas norte-americanas sobre os produtos brasileiros.
Ainda nesta terça-feira, os investidores repercutem a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que manteve a taxa básica de juros (Selic) inalterada. Também está no radar a divulgação de balanços financeiros de empresas importantes, como a Embraer.
Dólar
- Às 9h51, a moeda norte-americana avançava 0,17% e era negociada a R$ 5,516.
- No dia anterior, o dólar fechou em queda de 0,69%, cotado a R$ 5,506.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 1,69% no mês e de 10,9% no ano frente ao real.
Ibovespa
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
- Na véspera, o indicador encerrou o pregão em alta de 0,4%, aos 132,9 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula leve queda de 0,08% em agosto e valorização de 10,55% em 2025.
Bolsonaro em prisão domiciliar
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. O ex-presidente já estava submetido, por ordem de Moraes, a uma série de medidas cautelares. As medidas iniciais incluíam a proibição de se ausentar do país, com uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar no período noturno (das 19h às 6h) e nos fins de semana.
Além disso, havia a proibição de aproximação e acesso a sedes de embaixadas e consulados, de manter contatos com embaixadores ou autoridades estrangeiras, e com demais réus e investigados. Bolsonaro também estava proibido de utilizar redes sociais, diretamente ou por intermédio de terceiros.
A proibição de uso de redes sociais por Moraes deixava claro que não seriam permitidas transmissões, retransmissões, veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer plataforma de redes sociais, nem o uso desses meios para burlar a medida, sob pena de imediata revogação e decretação da prisão.
Em sua decisão pela prisão domiciliar, Moraes argumentou que houve o descumprimento de medidas cautelares que haviam sido estipuladas anteriormente. O estopim para a domiciliar foi a participação de Bolsonaro, via telefone, em uma manifestação bolsonarista realizada no último domingo (3/8) no Rio de Janeiro. Na data, Bolsonaro estava em casa, em Brasília, justamente por conta das medidas cautelares impostas anteriormente.
“A Justiça não permitirá que um réu faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico. A Justiça é igual para todos. O Réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares-pela segunda vez e deve sofrer as consequências”, anotou Moraes.
Na véspera da entrada em vigor do tarifaço comercial imposto pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre diversos países, entre os quais o Brasil, os investidores temem que o endurecimento das medidas contra Bolsonaro leve a um recrudescimento das próprias tarifas norte-americanas sobre os produtos brasileiros.
Ao determinar a imposição de tarifas de 50% sobre grande parte dos produtos exportados pelo Brasil para os EUA, Trump criticou o Judiciário brasileiro e afirmou que Bolsonaro vem sendo injustiçado no país. O republicano é aliado do ex-presidente brasileiro.
A nova rodada do tarifaço dos EUA entra em vigor na quarta-feira (6/8).
Ata do Copom
Nesta terça, os investidores também repercutem a ata da última reunião do Copom. No documento, o BC afirmou que a atividade econômica tem indicado “certa moderação” de crescimento e, ao mesmo tempo, mostrado “dados mistos entre os setores e indicadores”.
“O comitê avalia que os sinais advindos da demanda e da atividade econômica até aqui sugerem que o cenário se desenrola conforme esperado e compatível com a política monetária em curso”, destaca em trecho da ata da reunião de julho.
Na reunião realizada em 29 e 30 de julho, o comitê decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano e, assim, encerrar o ciclo de altas nos juros. No entanto, não descartou a possibilidade de novas altas.
O Copom explica que essa moderação no avanço da atividade se junta a uma política monetária contracionista. “As pesquisas setoriais mensais e os dados mais tempestivos de consumo corroboram uma redução gradual de crescimento”, diz a autoridade monetária.
Na ata, o colegiado prosseguiu: “O comitê reforça que o arrefecimento da demanda agregada é um elemento essencial do processo de reequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à meta”.
O Copom afirmou ainda que a manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano foi “compatível” com a estratégia de convergência da inflação à meta.
Em trecho da ata da reunião realizada nos dias 29 e 30 de julho, o Copom enfatizou que “seguirá vigilante”. A cúpula do BC afirmou que os passos futuros “poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.
Segundo o comitê, o cenário atual de “elevada incerteza” exige “cautela na condução da política monetária”. Dessa forma, a continuidade da interrupção de alta na taxa de juros depende da confirmação do cenário esperado pelo BC, de arrefecimento da atividade econômica e de convergência da inflação à meta.
“Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, destacou o Copom.
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