Dólar sobe com decisão nos EUA que considerou tarifaço de Trump ilegal

Os mercados de câmbio e de ações registraram nesta terça-feira (2/9) o que os analistas chamam de ambiente de aversão a riscos. Com isso, dólar encerrou a sessão em alta de 0,65% frente ao real, cotado a R$ 5,47. O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), fechou em queda de 0,67%, aos 140.335 pontos.

No mercado global, também houve valorização da moeda americana. Às 16h30, por exemplo, o índice DXY, que mede a força do dólar frente a seis divisas de países desenvolvidos (euro, iene, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço), operava em alta de 0,69%.

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Os momentos de aversão a risco dominam o mercado à medida que sobe a régua das incertezas. Com isso, os investidores buscam proteção no dólar. Nesta quarta-feira, vários vetores de instabilidade estavam ativos – ao menos sob o ponto de vista do mercado. O principal deles surgiu nos Estados Unidos.

Tarifas ilegais

Os investidores americanos retornaram do feriado do Dia do Trabalho, comemorado na véspera, depois que, na sexta-feira (29/8), uma corte federal de apelações considerou ilegal a maioria das tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

O republicano afirmou que vai recorrerá da decisão na Suprema Corte dos EUA. “Sem as tarifas nós seríamos um país de terceiro mundo”, disse Trump, em pronunciamento na tarde desta terça.

Com isso, os principais índices de Wall Street caíam na sessão, com baixas próximas de 1%. Em contrapartida, os rendimentos dos títulos da dívida americana, os Treasuries, considerados os papéis mais seguros do mundo, subiram.

Mau humor geral

Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, a alta dos Treasuries destacou-se no pregão, em meio a pressões fiscais e à instabilidade política no cenário internacional.

“Os títulos americanos operaram sob pressão e o papel de 30 anos chegou a ultrapassar o patamar de 5%, movimento que impulsionou a valorização do dólar, refletida na alta do índice DXY”, diz. “O mercado brasileiro acompanhou o mau humor externo, com avanço do dólar, abertura da curva de juros e queda do Ibovespa.”

Bolsonaro no STF

No Brasil, o mercado também identificou fatores de incerteza. Um deles foi o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). Os agentes econômicos estimam que uma condenação do ex-presidente poderia fazer com que Trump ampliasse as sanções já impostas ao Brasil.

O republicano havia justificado as sobretaxas, alegando que havia uma “execução política” de Bolsonaro no Brasil. Trump também exigiu o fim do processo judicial contra o ex-presidente no STF.

Banco do Brasil

Nesse contexto, as ações do Banco do Brasil (BB) tiveram queda mais acentuada do que as observadas entre as demais grandes instituições financeiras do país. Às 16h40, elas recuavam 2,70%, ante baixa de 1,19% do Itaú e de 2,09% do Bradesco.

Nesse caso, havia o receio de que o BB pudesse ser punido nos EUA por ter oferecido um cartão da bandeira Elo ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. Moraes foi incluído pela Casa Branca na Lei Magnitsky, criada para punir pessoas envolvidas com corrupção e violações de direitos humanos.

PIB e juros

Já no Brasil, os investidores acompanharam a divulgação dos dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deste ano. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a economia cresceu 0,4% nesse período.

O resultado mostrou uma desaceleração sobre o primeiro trimestre, quando o PIB avançara 1,3%. Mesmo assim, o crescimento superou as estimativas dos analistas, que previam 0,3%.

Selic

Havia forte expectativa no mercado sobre os dados do PIB do segundo trimestre. Isso porque ele ofereceu um sinal da expansão da atividade econômica no país. Caso ela desacelere com maior rapidez, aumentam as chances de um eventual corte da taxa básica de juros, a Selic, hoje fixada em 15% ao ano, ainda em 2025.

Até agora, contudo, o Banco Central (BC) não deu sinais de uma eventual queda da taxa. Na semana passada, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, não afrouxou o discurso e voltou a afirmar que a Selic deve permanecer elevada “por um período prolongado”.

Juros nos EUA

A projeção de um corte dos juros nos EUA, em contrapartida, só faz crescer. Há grande expectativa de que ela ocorra em setembro, reduzindo em pelo menos 0,25 ponto percentual o atual intervalo, estabelecido entre 4,25% e 4,50%.

Um número que pode dar uma indicação mais precisa sobre essa possibilidade só será divulgado na sexta-feira (5/9). No caso, trata-se do “payroll” de agosto, pesquisa que traz informações sobre o comportamento do mercado de trabalho americano.

Se os dados apresentarem queda ou vierem abaixo do esperado pelos especialistas, aumentam as chances de redução dos juros nos EUA, algo que afeta fortemente o mercado global. Isso porque, a baixa das taxas também exerce pressão de queda global no dólar.

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