Dólar e Bolsa caem com estresse do IOF e acordo entre EUA e China

Nesta sexta-feira (27/6), o dólar à vista registrou queda de 0,27% em relação ao real, cotado a R$ 5,48. Já o Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), fechou em queda de 0,19%, aos 136.850 pontos. Por ser pequena (inferior a 20%), na prática, a variação indica estabilidade do indicador da B3 ao longo do pregão.

Já os mercados globais animaram-se com o anúncio do acordo comercial entre Estados Unidos e China, feito pelo secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, nesta sexta-feira. Ele observou que a Casa Branca também está perto de concluir pactos semelhantes com outros dez parceiros comerciais, isso antes de 9 de julho, quando as tarifas recíprocas entrarão em vigor.

Com a notícia, as bolsas europeias fecharam no maior nível em mais de uma semana. O índice europeu Stoxx 600 registrou forte alta de 1,14%, interrompendo uma série de duas semanas de perdas. Em Londres, o FT avançou 0,72% e, em Frankfurt, o DAX subiu 1,62%. Em Paris, o CAC-40 disparou 1,78%.

As Bolsas de Nova York seguiram a mesma toada. Tanto o S&P 500 como o Nasdaq, que concentra ações de empresas de tecnologia, subiram 0,52%. Os dois índices renovaram suas máximas na sessão. O Dow Jones também fechou em alta, anotando salto de 1%.

Efeito IOF

Na avaliação do economista Fabio Louzada, fundador da instituição de educação financeira Eu me banco, o Ibovespa não acompanhou a alta de boa parte dos indicadores internacionais como resultado de “incertezas em relação ao cenário doméstico”. “A derrubada do decreto do IOF pelo Congresso preocupa o mercado em relação a como o governo vai arrecadar mais dinheiro”, diz.

Louzada observa que o Planalto “segue na luta para fazer valer o decreto” e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF)  para que a decisão dos parlamentares seja revista. “O mercado acompanha de perto os desdobramentos desse tema que pode trazer na próxima semana mais volatilidade para o Ibovespa”, afirma.

“Sentimento  misto”

Para Paula, Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, o “sentimento do mercado foi misto nesta sexta-feira no Brasil e positivo globalmente”. “Aqui, a revogação do decreto do IOF que visava aumentar a arrecadação, provocou reações diversas”, diz.

“Por um lado, a decisão foi vista como um alívio para contribuintes, levando a uma valorização inicial do Ibovespa e desvalorização do dólar, impulsionada também por dados de inflação (IPCA-15) melhores do que o esperado”, acrescenta. “Por outro lado, a derrubada do decreto aprofundou as preocupações fiscais, reabrindo o debate sobre o cumprimento da meta de 2026 e a necessidade de o governo encontrar novas fontes de receita ou realizar cortes mais profundos nos gastos.”

Inflação nos EUA

No quadro externo, além do acordo com a China, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos EUA registrou alta de 0,1% em maio, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento de Análise Econômica (US Bureau of Economic Analysis). O número ficou dentro da previsão dos analistas.

O núcleo do PCE, que exclui do cálculo preços mais voláteis como os de alimentos e de energia, avançou 0,2% em maio sobre abril. O consenso dos economistas, porém, apontava para 0,1%. A pequena variação fora da expectativa dos técnicos, contudo, não foi suficiente para minar o bom humor do mercado.

Corte de juros

Ao contrário. Os dados sobre uma inflação mais fraca renovaram a perspectiva de que ocorram dois cortes de juros nos EUA neste ano, algo que instigou o apetite por risco dos investidores. O PCE é o indicador favorito do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para avaliar a trajetória da inflação e, com isso, determinar os próximos passos da política monetária.

Além disso, o índice captou sinais de desaquecimento na economia. Mostrou, por exemplo, que a renda pessoal dos americanos caiu US$ 109,6 bilhões (0,4% à taxa mensal) em maio e a renda pessoal disponível (DPI), que exclui impostos, baixou US$ 125 bilhões (0,6%) também no mês passado.

Emprego no Brasil

No Brasil, os investidores acompanharam a divulgação de dados sobre o mercado de trabalho, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Eles mostraram que a taxa de desemprego para o trimestre de março a maio de 2025 foi de 6,2%, uma redução de 0,6 ponto percentual em relação ao trimestre de dezembro de 2024 a fevereiro de 2025 (6,8%) e queda de 1 ponto percentual frente ao mesmo trimestre do ano anterior (7,1%).

O contingente de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu patamar recorde (39,8 milhões). Ele registrou estabilidade (0,5%) em relação ao trimestre anterior e crescimento de 3,7% sobre o mesmo trimestre do ano passado.

Ibovespa

No Ibovespa, as ações da Vale, que têm forte peso no índice, registraram mais um dia de alta, no embalo da elevação do preço do minério de ferro no mercado internacional. Os contratos da commodity para setembro, os mais negociados, subiram 1,99%, na Bolsa de Dalian, na China. Analistas afirmam que informações sobre a redução de estoques de aço nas siderúrgicas chinesas têm empurrado para cima os preços do produto.

Apesar da alta da Vale, outras importantes ações do Ibovespa caíram. Por volta das 16 horas, por exemplo, a Petrobras recuava 0,96% (as ordinárias, que dão direito a voto em assembleias), e os bancos seguiam a mesma trilha. O Itaú desvalorizava 0,25%; o Bradesco, 0,42%; e o Santander, 0,41%. Das ações do Ibovespa, 41 fecharam em queda, 30 mantiveram-se estáveis e 13 caíram nesta sexta-feira.

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