O dólar operava em queda nesta terça-feira (29/7), em uma semana movimentada na agenda econômica, com decisão sobre a taxa de juros no Brasil e nos Estados Unidos, além da reta final das negociações sobre o tarifaço comercial anunciado pelos norte-americanos.
Dólar
- Às 15h15, o dólar caía 0,34%, cotado a R$ 5,571.
- Mais cedo, às 11h19, a moeda norte-americana recuava 0,3% e era negociada a R$ 5,574.
- Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,604. A mínima é de R$ 5,559.
- No dia anterior, o dólar fechou em alta de 0,52%, cotado a R$ 5,59.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 2,89% no mês e perdas de 9,54% no ano frente ao real.
Ibovespa
- O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), operava em alta no pregão.
- Às 15h22, o Ibovespa avançava 0,72%, aos 133 mil pontos.
- Na véspera, o indicador fechou o pregão em queda de 1,04%, aos 132,1 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula baixa de 4,84% em julho e valorização de 9,85% em 2025.
Fed e Copom começam reuniões
Os investidores voltam suas atenções nesta semana à divulgação da taxa básica de juros por parte dos bancos centrais do Brasil e dos EUA, na quarta-feira (30/7).
“Superquarta” é o termo usado no mercado financeiro para o dia em que coincidem as divulgações das taxas básicas de juros no Brasil e nos EUA.
É o caso dessa quarta-feira, data na qual tanto o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) quanto o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o BC americano) anunciam o resultado de suas reuniões, que começam nesta terça-feira.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central (BC) para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.
Quando o Copom aumenta os juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que se reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.
Ao reduzir a Selic, por outro lado, a tendência é a de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
Em sua última reunião, em junho, o Copom anunciou o aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, que passou a 15% ao ano – o maior valor em quase duas décadas.
A maioria das projeções do mercado financeiro para a próxima reunião do Copom indica a manutenção do patamar atual da Selic.
Nos EUA, a tendência é que o Fed também não mude a taxa de juros da economia norte-americana na reunião desta semana, apesar das pressões públicas feitas pelo presidente Donald Trump, que vem cobrando a redução da taxa.
Em sua última reunião, em junho, o Fed anunciou a manutenção da taxa básica de juros no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. A reunião foi a quarta consecutiva na qual a autoridade monetária norte-americana manteve inalterada a taxa de juros.
Antes das quatro últimas reuniões, o Fed tinha levado a cabo um ciclo de três quedas consecutivas dos juros nos EUA, que começou em setembro do ano passado – o primeiro corte em cinco anos.
Desde então, o BC norte-americano sempre deixou claro que era necessário manter a cautela e analisar cuidadosamente os indicadores econômicos para tomar suas decisões de política monetária.
Segundo dados divulgados pelo Departamento do Trabalho, a inflação nos EUA ficou em 2,7% em junho, na base anual, ante 2,4% registrados em maio. Na comparação mensal, o índice foi de 0,3%, ante 0,1% em maio.
Reta final para o tarifaço
Outro destaque econômico desta semana, que vem sendo monitorado de perto pelos investidores, é o fim do prazo dado pela Casa Branca para a entrada em vigor das novas tarifas comerciais anunciadas pelo governo Trump sobre diversos países, inclusive o Brasil.
A apenas três dias do fim do prazo estipulado pelo governo dos EUA para que os demais países entrem em um acordo com Washington a respeito das tarifas, em 1º de agosto, o Brasil vai ficando no fim da fila e com chances cada vez menores de escapar do chamado “tarifaço”.
No último domingo (27/7), após uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Edimburgo (Escócia), Trump confirmou que EUA e União Europeia (UE) chegaram a um acordo sobre as tarifas.
Também no domingo, em entrevista à Fox News, o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que a nova rodada do tarifaço de Trump entrará mesmo em vigor na próxima sexta-feira, sem possibilidade de prorrogação do prazo determinado pela Casa Branca.
O Brasil é o país que foi alvo das maiores taxas. Trump anunciou a aplicação de tarifas extras de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil aos norte-americanos. Até o momento, não houve avanço significativo nas negociações entre os governos brasileiro e dos EUA.
Os EUA também instauraram investigação comercial, aberta pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês), a pedido de Trump. O governo norte-americano afirma que a análise pretende investigar supostas práticas comerciais desleais do Brasil em relação aos EUA e cita como exemplo as recentes disputas judiciais envolvendo plataformas digitais.
Nessa segunda-feira (28/7), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), apresentou um plano de contingência contra o tarifaço de Trump para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Os cenários possíveis já são de conhecimento do presidente, nós nos debruçamos sobre isso agora. Mas o foco do Brasil é negociar”, disse, na saída do ministério, em Brasília.
O plano de contingência detalha medidas de apoio aos setores atingidos pela tarifa norte-americana. Haddad disse que ainda não é possível adiantar as propostas por não se saber se o tarifaço vai ou não entrar em vigor. Segundo ele, o governo brasileiro ainda espera uma resposta para as cartas que enviou à Casa Branca.
Haddad voltou a dizer que o Brasil não vai sair da mesa de negociação e que o vice-presidente, Geraldo Alckmin, está à frente das negociações. “O foco é, por determinação do presidente, negociar e tentar evitar medidas unilaterais, mas independentemente da decisão que o governo dos EUA tomar, nós vamos continuar abertos à negociação”, afirmou.
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