O dólar registrou queda de 0,31% frente ao real, contado a R$ 5,32. Já o Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), fechou em alta de 0,61%, aos 146.336 pontos. No início do pregão, o indicador chegou disparar, superando a marca dos 147 mil pontos, às 10h11.
A queda da moeda americana no Brasil acompanhou um movimento global, que segue apostando em novas reduções da taxa de juros dos Estados Unidos. Nesta segunda-feira, o índice DXY, que mede a força do dólar frente a seis divisas de países desenvolvidos (euro, iene, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço), recuou 0,20%, a 97.95 pontos.
No cenário interno, os investidores acompanharam nesta segunda-feira a divulgação de dados sobre o mercado de trabalho. O Brasil criou 147,3 mil vagas formais em agosto, ou seja, com carteira assinada, segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), veiculadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Esse foi o resultado mais baixo para o mês de agosto desde 2020, quando foram abertos 214.601 novos postos.
André Valério, economista sênior do Banco Inter, observa que, na média móvel de 6 meses, houve um movimento mais intenso de redução no ritmo de contratações. “Esperamos a continuidade dessa tendência de perda de dinamismo, mas sem movimentos generalizados de demissão”, diz. “À medida que o aperto monetário (ou seja, os juros altos) é repassado à atividade real, esperamos que a criação de emprego caia ainda mais, contribuindo para o cenário de flexibilização da política monetária (queda de juros), que projetamos a partir de janeiro de 2026.”
Boletim Focus
No Brasil, na manhã desta segunda-feira, também foram divulgados os dados do Boletim Focus, a pesquisa semanal realizada pelo Banco Central (BC) com economistas do mercado. Ela mostrou que houve queda da estimativa para a inflação em 2025, que passou de 4,83% para 4,81%, e para 2026, que foi de 4,29% para 4,28%.
Baixas também marcaram as projeções para o câmbio. Para 2025, a previsão para o dólar caiu de R$ 5,50 para R$ 5,48. Para 2026, foi de R$ 5,60 para R$ 5,58. O ano de 2027 concentrou a maior revisão: de R$ 5,60 para R$ 5,56. Para 2028, no entanto, houve alta de R$ 5,54 para R$ 5,56.
Conversa Lula-Trump
A semana também começou com a expectativa de realização da reunião entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump. A possível conversa, centrada no tarifaço imposto pelo governo americano, havia sido cogitada na semana passada, depois de um encontro casual entre os dois líderes na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
Na análise de Fabio Louzada, da Faculdade Brasileira de Negócios e Finanças (FBN), o Ibovespa manteve-se em alta nesta segunda-feira, puxado pelo avanço das ações de bancos, varejo e serviços. “Os dados do Boletim Focus também animaram o mercado com a redução das estimativas de inflação para 2025 e 2026”, diz.
Além disso, ele considera que a B3 continua se beneficiando do cenário de juros em queda nos EUA e altos no Brasil, o que estimula o investidor estrangeiro a aportar recursos na Bolsa nacional. “O mercado também aguarda com otimismo a conversa entre Lula e Trump”, afirma Louzada. “Espera-se que haja algum acordo benéfico para os exportadores brasileiros em relação ao tarifaço”, medida adotada pela Casa Branca, que impôs sobretaxas de até 50% sobre a importação de produtos do Brasil.
Trabalho nos EUA
Nesta semana, o mundo aguarda a divulgação de diversos indicadores sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos. Essas informações devem continuar guiando o comportamento dos mercados de câmbio e ações tanto no Brasil como no exterior. Elas oferecem sinais sobre a eventual continuidade no corte de juros nos EUA, por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Análise feita pelo Banco Daycoval destaca a expectativa em torno de informações sobre a abertura de vagas (do relatório “Jolts”) em agosto. A estimativa é de que sejam criados 7,1 milhões de postos de trabalho, com desaceleração em relação ao mês anterior.
Além disso, o “payroll” de setembro, considerado o dado mais importante sobre o emprego nos EUA, deve indicar a criação de 50 mil vagas, patamar superior ao observado em agosto. A previsão é que a taxa de desemprego permaneça em 4,3% e os ganhos reais com remuneração cresçam 0,3%.
Paralisação do governo
Ainda no cenário interno, a nova fonte de apreensão entre agentes econômicos é a possibilidade de o governo dos EUA enfrentar um novo “shutdown”, a paralisação parcial das atividades administrativas por falta de recursos. Isso ocorrerá caso o Congresso americano não chegue a um acordo sobre o orçamento até esta terça-feira (30/9), último dia do ano fiscal.
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