O dólar registrou queda de 0,40% frente ao real, cotado a R$ 5,45. O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), também fechou em baixa de 0,34%, aos 139.863 pontos.
Para analistas, houve um enfraquecimento global do dólar. “Isso ocorreu depois da divulgação de dados que sinalizaram desaceleração da economia americana, com recuo na abertura de vagas de trabalho e nas encomendas industriais”, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
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Ele observa que esses dados também provocaram uma queda dos prêmios dos títulos longos da dívida americana, os Treasuries, reduzindo a pressão recente sobre os rendimentos e abrindo espaço para um movimento marginal de enfraquecimento da moeda americana. “No ambiente local, o destaque vai para a captação soberana de US$ 1,75 bilhão pelo Tesouro, que abriu caminho para novas emissões corporativas, fortalecendo a perspectiva de maior entrada de capitais via emissões de títulos ainda esse ano.”
Turbulências
Durante o pregão, contudo, não faltaram fontes para eventuais turbulências. No Brasil, o mercado acompanhou o segundo dia de julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Nos EUA, surgiram novos desdobramentos da decisão tomada por uma corte federal de apelações na sexta-feira (29/8). Em decisão que chacoalhou o governo americano, ela considerou ilegais as tarifas recíprocas impostas pelo presidente americano, Donald Trump. O governo recorreu da decisão à Suprema Corte.
Tarifaço ilegal?
Na terça-feira (2/9), o republicano disse que, sem as tarifas, os EUA seriam um “país de Terceiro Mundo”. Nesta quarta-feira, retomou ao tema. Trump afirmou que se o governo perder o caso nos tribunais os acordos já firmados com a União Europeia (UE), Japão e Coreia do Sul teriam de ser cancelados.
Ele observou que o tarifaço lhe deu poder de barganha para negociar com esses países e com o bloco europeu. “Fizemos um acordo com a UE em que eles estão nos pagando quase US$ 1 trilhão”, disse. “Acho que teríamos que desfazê-lo”, acrescentou, especulando sobre um cenário de derrota do governo na Justiça.
Alta do ouro
Nesse cenário, os investidores voltaram-se para os ativos considerados mais seguros. Os contratos futuros de ouro, por exemplo, registraram o sexto pregão seguido de alta e alcançaram uma nova máxima histórica de fechamento. Nesta quarta-feira, o metal com entrega para outubro subiu 1,21%, cotado a US$ 3.606 por onça-troy (o equivalente a 31,1 gramas).
Ibovespa
No Brasil, o Ibovespa operou em queda ao longo de todo o dia. Na avaliação de Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital, o índice foi “pressionado pelo desempenho das ações da Ambev”. “Dados da indústria divulgados pela manhã mostraram uma queda de produção”, diz. “No geral, temos visto um cenário de consumo mais fraco, inclusive de cerveja.”
Os papéis da Petrobras, com grande peso no índice, também caíram com a possibilidade de um aumento da produção da commodity por parte da Opep+. Às 16h40, as ações da empresa recuavam 1,15% (as ordinárias, com direito a voto em assembleias) e 0,93% (as preferenciais, com preferência no recebimento de dividendos e outras compensações).
Bancos oscilando
Alguns grandes bancos também operaram em queda na B3. O movimento foi provocado pela notícia de que essas instituições receberam uma carta do departamento do Tesouro dos Estados Unidos, questionando-as sobre as iniciativas adotadas em relação à Lei Magnitsky, aplicada pela Casa Branca ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 9 de julho. Perto do fechamento, às 16h50, os papéis do Banco do Brasil caíam 0,44%.
Bolsas americanas
Nos EUA, diz Bolzan, as bolsas apresentaram resultados mistos. O Dow Jones ficou no negativo, refletindo novos dados divulgados sobre o mercado de trabalho, que está desacelerando. “As contratações estão mais fracas, mas, na sexta-feira (5/9), será divulgado o payroll, indicador mais importante sobre emprego nos EUA. Ele deve confirmar essa tendência, o que fortalece o cenário de queda de juros americanos em setembro.”
Os outros indicadores de Nova York, observa o analista, registraram elevação. “O S&P 500 e o Nasdaq subiram, embalados pelas ações de tecnologia”, diz. “A alta é impulsionada pelo bom desempenho das ações da Alphabet, depois de uma decisão judicial determinar que a empresa não será obrigada a vender seu navegador Chrome.”
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