O dólar operava em queda nesta sexta-feira (20/6), no primeiro dia de negociações no mercado brasileiro após o anúncio da elevação da taxa básica de juros do país para 15% ao ano, na noite da última quarta-feira (18/6).
Por causa do feriado de Corpus Christi, não houve negociações na Bolsa de Valores do Brasil (B3) na quinta-feira (19/6).
Os investidores também repercutem os desdobramentos da guerra entre Israel e Irã, que completou uma semana, em meio à expectativa sobre uma possível entrada dos Estados Unidos no conflito.
Dólar
- Às 9h06, a moeda norte-americana recuava 0,41% e era negociada a R$ 5,479.
- Na última quarta-feira, antes do anúncio da taxa de juros pelo Banco Central (BC), o dólar fechou estável, com leve alta de 0,04%, cotado a R$ 5,50.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 3,81% no mês e de 10,99% no ano.
Ibovespa
- As negociações do Ibovespa, principal índice da B3, começam às 10 horas.
- No último pregão, o indicador também fechou praticamente estável, com leve queda de 0,09%, aos 138,7 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 1,23% em junho e de 15,32% em 2025.
Repercussão do Copom
Os investidores repercutem nesta sexta-feira a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano. Trata-se do maior percentual dos juros no país em quase 20 anos, desde 2006.
O Copom engatou a sétima alta consecutiva dos juros. O ciclo de aperto monetário teve início em setembro de 2024, quando o comitê decidiu interromper o ciclo de cortes e elevar a Selic, que passou dos então 10,5% ao ano para 10,75% ao ano.
Segundo o comunicado que acompanhou a decisão do Copom, a ação é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz o colegiado.
O comitê ainda informou que deve encerrar o ciclo de aperto monetário na próxima reunião, prevista para os dias 29 e 30 de julho.
“Em se confirmando o cenário esperado, o comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, afirma o BC.
O BC ressaltou que as expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus permanecem em valores acima da meta, situando-se em 5,2% e 4,5%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para 2026, atual horizonte relevante de política monetária, se situa em 3,6% no cenário de referência.
Diante disso, os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual. “Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, apontou o BC.
Fed manteve taxa de juros inalterada
Também na quarta-feira, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. Foi a quarta reunião consecutiva na qual a autoridade monetária norte-americana manteve inalterada a taxa de juros.
Junto à decisão, o Fed divulgou o chamado “dot plot”, um conjunto das projeções para a economia dos EUA. Na média, a autoridade monetária manteve a projeção de queda de 0,5 ponto percentual na taxa de juros em 2025, o que pode significar dois cortes de 0,25 ponto percentual ainda neste ano. Segundo analistas, o ciclo de queda deve começar no último trimestre.
Os integrantes do Fed também reduziram suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em 2025, de alta de 1,7% para 1,4%.
“Ao considerar a extensão e o momento de ajustes adicionais à meta para a taxa básica de juros, o comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio de riscos. O comitê continuará reduzindo suas posições em títulos do Tesouro, títulos de dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências. O comitê está fortemente comprometido em apoiar o emprego máximo e retornar a inflação à sua meta de 2%”, diz o Fed no comunicado que acompanha a decisão.
“Ao avaliar a postura adequada da política monetária, o comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O comitê estará preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir o alcance das metas do comitê”, prossegue o comunicado.
“As avaliações do comitê levarão em consideração uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, além de desenvolvimentos financeiros e internacionais.”
No comunicado, o Fed diz ainda que, “embora as oscilações nas exportações líquidas tenham afetado os dados, indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir a um ritmo sólido”.
Guerra no Oriente Médio
No cenário internacional, o principal foco de atenção do mercado continua sendo a guerra entre Israel e Irã, que pode contar com a participação direta dos EUA em breve.
A guerra chegou ao oitavo dia nesta sexta, sem perspectiva de resolução. Diante da posição do presidente dos EUA, Donald Trump, que deu prazo de duas semanas para decidir se os norte-americanos ingressam diretamente no conflito, a Europa enxerga a oportunidade para uma janela de negociações com o objetivo de um cessar-fogo.
Países europeus sinalizaram a possível oportunidade diante da posição estática dos EUA no momento. Ministros das Relações Exteriores de Reino Unido, Alemanha e França estão a caminho de Genebra, na Suíça, com o intuito de manter conversas com representantes iranianos a respeito do conflito com Israel.
Autoridades dos EUA, no entanto, falam reservadamente que não enxergam a reunião com otimismo. Nessa quinta, o conflito entre os dois países foi marcado por novos bombardeios, declarações e ameaças de ambas as partes, e pelo caso do hospital Soroka, o principal do sul de Israel, que foi atingido por um míssil iraniano, deixando 71 pessoas feridas.
A fala de Trump sobre precisar de tempo para decidir a respeito da posição dos EUA diante do conflito no Oriente Médio foi feita para rebater uma informação do jornal norte-americano The Wall Street Journal no dia anterior.
A publicação havia divulgado que interlocutores próximos de Trump teriam dito ao veículo de imprensa que o presidente teria se manifestado sobre a aprovação de planos de ataque ao Irã.
“Com base no fato de que há uma chance substancial de negociações que podem ou não ocorrer com o Irã em um futuro próximo, tomarei minha decisão de ir ou não nas próximas duas semanas”, disseTrump.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou, nessa quinta, que o fato de os EUA poderem se envolver no conflito diretamente é um sinal de fraqueza de Israel.
“O próprio fato de os amigos norte-americanos do regime sionista terem entrado em cena e estarem dizendo tais coisas é um sinal da fraqueza e incapacidade desse regime”, declarou o aiatolá.
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