A taxa básica de juros da economia norte-americana pode finalmente começar a cair já a partir da próxima reunião do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos), nos dias 29 e 30 de julho. A afirmação é de uma das diretoras da autoridade monetária, Michelle Bowman.
Em declarações durante um evento em Praga, na República Tcheca, Bowman, que também é vice-presidente de supervisão do Fed, afirmou que os juros podem cair nos EUA caso a inflação siga perdendo força no país.
“Se as pressões inflacionárias permanecerem contidas, eu apoiaria a redução da taxa básica de juros já na nossa próxima reunião para aproximá-la do patamar neutro e apoiar um mercado de trabalho saudável”, afirmou Bowman.
“Enquanto isso, continuarei monitorando atentamente as condições econômicas, à medida que as políticas do governo, a economia e os mercados financeiros evoluam”, completou a diretora do Fed.
O que diz o Fed
Na semana passada, na quarta reunião do Fomc desde a posse de Donald Trump, as expectativas do mercado foram confirmadas e a taxa básica de juros se manteve mais uma vez inalterada.
O colegiado anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. Foi a quarta reunião consecutiva na qual a autoridade monetária norte-americana manteve inalterada a taxa de juros.
Antes das quatro últimas reuniões, o Fed tinha levado a cabo um ciclo de três quedas consecutivas dos juros nos EUA, que começou em setembro do ano passado – o primeiro corte em cinco anos.
Desde então, o BC norte-americano sempre deixou claro que era necessário manter a cautela e analisar cuidadosamente os indicadores econômicos para tomar suas decisões de política monetária.
Junto à decisão, o Fed divulgou o chamado “dot plot”, um conjunto das projeções para a economia dos EUA. Na média, a autoridade monetária manteve a projeção de queda de 0,5 ponto percentual na taxa de juros em 2025, o que pode significar dois cortes de 0,25 ponto percentual ainda neste ano. Segundo analistas, o ciclo de queda deve começar no último trimestre.
Os integrantes do Fed também reduziram suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em 2025, de alta de 1,7% para 1,4%.
“Ao considerar a extensão e o momento de ajustes adicionais à meta para a taxa básica de juros, o comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio de riscos. O comitê continuará reduzindo suas posições em títulos do Tesouro, títulos de dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências. O comitê está fortemente comprometido em apoiar o emprego máximo e retornar a inflação à sua meta de 2%”, disse o Fed no comunicado que acompanhou a decisão.
“Ao avaliar a postura adequada da política monetária, o comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O comitê estará preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir o alcance das metas do comitê”, prossegue o comunicado.
“As avaliações do comitê levarão em consideração uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, além de desenvolvimentos financeiros e internacionais.”
No comunicado, o Fed disse ainda que, “embora as oscilações nas exportações líquidas tenham afetado os dados, indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir a um ritmo sólido”.
“A taxa de desemprego permanece baixa e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas. A inflação permanece relativamente elevada”, disse a autoridade monetária.
“O comitê busca atingir o máximo de emprego e inflação a uma taxa de 2% no longo prazo. A incerteza quanto às perspectivas econômicas diminuiu, mas permanece elevada. O comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato”, concluiu o Fed.
Inflação
A taxa básica de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação. Quando a autoridade monetária mantém os juros elevados, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que se reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.
Segundo o Departamento do Trabalho, o Índice de Preços ao Consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação oficial no país, ficou em 2,4% em maio, na base anual, uma leve alta em relação aos 2,3% registrados em abril.
Na comparação mensal, o índice foi de 0,1%, ante 0,2% em abril.
A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024.
Segundo Michelle Bowman, apesar de a inflação ter perdido força nos últimos meses, ainda há riscos de alta que devem ser considerados, principalmente por causa das tarifas comerciais impostas pelo governo do presidente Donald Trump, além do agravamento do conflito no Oriente Médio, que pode afetar os preços do petróleo.
“Estou certamente atenta a esses riscos de inflação, mas ainda não vejo uma grande preocupação”, concluiu Bowman.
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