CEF 04 de Ceilândia vai representar o DF na Olimpíada Brasileira de Cartografia – Secretaria de Estado de Educação

Alunos conquistaram o primeiro lugar na etapa regional, e agora preparam-se para a disputa no Rio de Janeiro

Por Giordano Bazzo, Ascom/SEEDF.

 

Equipe do CEF 04 de Ceilândia classificou-se em primeiro lugar na etapa regional do Centro-Oeste | Foto: Felipe de Noronha, Ascom/SEEDF.

 

O Centro de Ensino Fundamental (CEF) 04 de Ceilândia acaba de alcançar um marco impressionante na Olimpíada de Cartografia. A escola classificou-se em primeiro lugar na etapa regional do Centro-Oeste, garantindo vaga na fase nacional da Olimpíada Brasileira de Cartografia (OBRAC), que será realizada no Rio de Janeiro entre os dias 17 e 22 de novembro.

 

A conquista reflete o empenho de alunos e professores em projetos que envolvem mapeamento, geografia e análise espacial, temas que vêm ganhando destaque nas escolas públicas do Distrito Federal. Essa vitória não apenas eleva o nome da instituição, mas também inspira outras unidades educacionais a investir em competições científicas e interdisciplinares.

 

Para os estudantes, a olimpíada revelou um universo muito diferente do que imaginavam. “Quando falamos sobre cartografia com nossos pais, achávamos que íamos desenhar mapas, mas aprendemos como se faz o mapa, como pegar os dados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, conta Maísa Xavier, de 14 anos, aluna do 9º ano. Ela destaca que esse conhecimento tem um propósito claro em seu futuro. “Quero ser pesquisadora, e as informações fornecidas pelo IBGE podem me ajudar.”

 

A experiência prática com mapeamento digital surpreendeu toda a equipe. “Foi legal entender como é confeccionado o material de estudo e pesquisa”, complementa Maísa, demonstrando como a olimpíada transformou a percepção dos estudantes sobre as ferramentas acadêmicas que usam diariamente.

 

Orgulho do CEF 04 de Ceilândia, a professora Vanessa Cristina Vasconcelos e seus alunos tornaram-se exemplo e referência na escola | Foto: Felipe de Noronha, Ascom/SEEDF.

Trabalho em equipe

 

A segunda etapa da olimpíada exigiu criatividade e colaboração. Os estudantes desenvolveram um jogo educativo com temática de caça ao tesouro, abordando questões sobre quilombos e educação antirracista no Brasil. “Produzimos um jogo em que os alunos respondiam pistas sobre os quilombos e a educação antirracista, e foram classificados de acordo com as respostas”, explica David Souza Landim, 15 anos.

 

Para Uriel Lima Cruz, 14, o segredo do sucesso foi claro: “trabalho em equipe, com certeza, para a criação dos mapas e do jogo.” Ele também vê o aprendizado como um investimento no futuro. “Quando precisarmos de emprego, podemos colocar isso no currículo.”

A força de uma professora dedicada

 

Os alunos são unânimes ao reconhecer o papel fundamental da docente Vanessa Cristina Vasconcelos, que atua há 11 anos na rede pública de ensino. “Grande parte da nossa vitória é por conta da professora. Ela é um grande exemplo de como fazer as coisas de forma séria e bem feita. Ela trabalhou de forma independente, enquanto em outras olimpíadas há grupos de apoio com vários professores envolvidos”, afirma Maísa.

 

Vanessa revela que precisou trabalhar a autoconfiança dos estudantes desde o início. “Na primeira etapa, a Maísa falou: ‘Professora, não temos chance contra as escolas privadas’. Eu respondi: ‘Vocês não têm noção de como são inteligentes e capazes’. Toda vez eles diziam: ‘Eles vão ser melhores que a gente’, eu respondia: ‘Nosso trabalho está muito bom’”, relembra.

 

A estratégia incluiu saídas de campo que ampliaram os horizontes dos alunos. “Levei eles para a UnB e disse: ‘Aqui é só o início, vocês vão estudar aqui’. Essas saídas abriram os horizontes deles, tiraram essa ideia de que escola pública é ruim”, conta Vanessa.

Expectativas para o Rio de Janeiro

 

A viagem para a etapa nacional representa muito mais que uma competição. A equipe do CEF 04, formada por quatro alunos e pela professora Vanessa Cristina Vasconcelos, vai embarcar no dia 17 de novembro rumo ao Rio de Janeiro, retornando no dia 22. Durante esses cinco dias, os estudantes participarão de uma programação intensa, que inclui visitas técnicas, minicursos, a prova de corrida de orientação e a cerimônia de premiação.

 

Todas as despesas, como transporte, hospedagem, alimentação e deslocamentos locais, são custeadas pela OBRAC, garantindo que os estudantes possam focar inteiramente na competição e no aprendizado.

 

Para Israel Thyago Corrêa, de 14 anos, o que ele e seus colegas estão vivenciando é a realização de algo inimaginável. “Nunca imaginei, é uma oportunidade única.” Israel nunca visitou o Rio de Janeiro e reconhece o desafio à frente: “Vai ser difícil, são os primeiros de cada região. Mas vamos dar o nosso máximo.”

Melhores equipes do país

 

A competição final reúne as três melhores equipes do Brasil, cada uma composta por quatro alunos e um professor-coordenador. Os prêmios são significativos: a equipe vencedora receberá medalhas, troféu e, no caso da escola pública melhor classificada, bolsas de Iniciação Científica Júnior (ICJ) para os quatro alunos, válidas para 2026, desde que estejam matriculados. As equipes que ficarem em segundo e terceiro lugar também serão reconhecidas com medalhas de prata e bronze.

Orgulho de Ceilândia

 

A diretora do CEF 04, Maria Madalena Araújo, não esconde a emoção ao ver a conquista dos estudantes. “Para nós é um orgulho muito grande, porque, como poderíamos imaginar que de uma cidade com tantas dificuldades sairia algo tão positivo, voltado para a aprendizagem e o futuro desses meninos?

 

A docente destaca ainda o trabalho da professora Vanessa. “Ela é muito aplicada e dedicada aos estudantes. Quando colocou na cabeça deles que seria importante participar desse concurso, que eles são alunos capazes e inteligentes, e que conseguiriam ir além do que as famílias imaginam, eles acreditaram na palavra dela.”

A OBRAC

 

A Olimpíada Brasileira de Cartografia é um evento bienal, coordenado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), voltado para estudantes do 9º ano dos ensinos fundamental e médio, com idades entre 13 e 19 anos, de escolas públicas e privadas. A competição é estruturada em etapas progressivas que desafiam os participantes em diferentes aspectos do conhecimento cartográfico.

 

Na etapa I, de caráter teórico, os estudantes passam por fases eliminatórias que testam seus conhecimentos fundamentais. Já na etapa II, de natureza prática, as equipes precisam elaborar mapas, produzir vídeos e desenvolver relatórios que são avaliados por critérios técnicos e criativos. Apenas as três equipes com melhor desempenho nessas etapas avançam para a grande final no Rio de Janeiro.

 

 

 

 

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