“Cabelo de bucha”: DF teve 706 registros de injúria racial em 2024

No ano passado, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) registrou 706 casos de injúria racial, a maioria acontecendo em Brasília.

As 10 regiões administrativas com maior número de registros concentram 69% dos casos. Confira:

  • Brasília: 107
  • Ceilândia: 79
  • Taguatinga: 55
  • Samambaia: 47
  • Planaltina: 42
  • Gama: 37
  • Guará: 34
  • Recanto das Emas: 30
  • São Sebastião: 28
  • Santa Maria: 26

A injúria racial é um crime que consiste em ofender a honra de alguém por meio de elementos ligados à raça, cor, etnia, religião ou origem.

Com a alteração da Lei nº 7.716/89, esse tipo de violência passou a ser equiparado ao crime de racismo — uma conquista histórica, ainda que infelizmente necessária, como demonstram casos recentes.

Nessa quarta-feira (2/7), uma menina de 11 anos foi vítima de ofensas racistas em uma escola pública do Riacho Fundo II. Essa região administrativa ocupa a 25ª posição no ranking da SSP-DF, com 11 casos registrados no ano passado.


Entenda o caso:

  • As agressões verbais — de cunho claramente racista — causaram forte impacto emocional na criança, que precisou de atendimento médico após apresentar uma crise de ansiedade e um ataque de pânico.
  • Socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados e compareceram à escola para prestar socorro à estudante.
  • A coluna Na Mira apurou que três alunas, com idades entre 12 e 14 anos, passaram a ofender sistematicamente a vítima com comentários humilhantes sobre o cabelo dela.
  • Segundo a irmã da aluna — que terá a identidade preservada —, o grupo agia com o objetivo de destruir a autoestima da menina.
  • “Elas acabaram com o amor próprio da minha irmã, sempre a chamando de ‘cabelo de bucha’, ‘cabelo de pica’ e de preta nojenta”, relatou.
  • A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). A Secretaria de Educação trata o episódio como gravíssimo.

Vídeo:

Investigação e punição

A irmã da vítima também contou que a criança foi ameaçada de espancamento após relatar os ataques à direção da escola. “Os pais delas foram chamados, o que provocou a ira da aluna mais velha, de 14 anos. Ela afirmou que se vingaria e chamaria outras garotas para espancar minha irmã na saída da aula”, disse.

Ao tomar conhecimento do caso, a Secretaria de Educação confirmou as agressões e decidiu transferir as estudantes envolvidas para outras unidades escolares. A vítima foi acolhida e, por decisão da família, também mudou de escola. A Corregedoria da pasta abriu sindicância para investigar se houve omissão ou negligência por parte da gestão da unidade.

Servidores da Secretaria de Educação acompanharam a família até a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA II), onde foi registrada ocorrência de ato infracional análogo a injúria racial e ameaça. A Polícia Civil do DF segue investigando o caso.

Créditos da Notícias

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *