O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), demonstrou otimismo em relação à captação de investimentos para o Fundo Tropical das Florestas (TFFF, na sigla em inglês), mecanismo que prevê que os países que preservem suas florestas tropicais sejam recompensados financeiramente.
As declarações do chefe da equipe econômica foram dadas nessa segunda-feira (3/11), durante participação no COP 30 Business & Finance Forum, promovido pela Bloomberg Philanthropies, em São Paulo. O ministro cumpre agendas pré-COP 30 na capital paulista.
De acordo com Haddad, a meta estipulada pelo Brasil é a de que sejam captados US$ 10 bilhões (cerca de R$ 53,5 bilhões, pela cotação atual) em investimentos públicos dos países envolvidos na iniciativa. A expectativa do governo brasileiro é que esse valor seja alcançado até o fim de 2026, ainda durante a presidência do país na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes).
Haddad observou que o montante seria referente a recursos provenientes de governos, além da eventual adesão de entidades, fundações, fundos e empresas privadas.
“Se terminarmos o primeiro ano com US$ 10 bilhões de recursos públicos, já seria um grande feito”, afirmou Haddad em entrevista coletiva após o evento em São Paulo.
“Para chegar a US$ 10 bilhões, bastaria que alguns países do G20 [grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana] aderissem, para a gente começar a remunerar os países que mantêm florestas tropicais, sobretudo os que estão endividados, porque eles não têm recursos para manter as suas florestas. E o TFFF viria em suporte dessa iniciativa”, explicou Haddad.
O ministro da Fazenda reconheceu que se trata de uma “meta ambiciosa”, mas se disse otimista. “Eu acredito que nós vamos chegar lá. É possível”, afirmou.
“Acredito que, das ideias originais que surgiram nos últimos anos, o TFFF é a que está mais pronta para dar certo. Tem uma outra que é muito grande, que é a coalizão do mercado de carbono, mas que vai exigir muita engenharia para sair do papel”, completou.
Segundo as estimativas do governo brasileiro, o Fundo das Florestas tem potencial para angariar US$ 125 bilhões ao todo, dos quais 20% (US$ 25 bilhões) de países soberanos e 80% (US$ 100 bilhões) de capital privado.
“Algumas ideias começam a sair do papel”
Na entrevista aos jornalistas, Fernando Haddad afirmou ainda que, na primeira rodada de negociação, em São Paulo, envolvendo possíveis investidores e financiadores, houve “sinais concretos de que algumas ideias podem começar a sair do papel”.
Haddad disse também que as reuniões indicam que há disposição de todos para que a COP 30, em Belém (PA), seja um “marco”.
“Pelo que eu ouvi hoje dos investidores e dos financiadores, há uma disposição maior para colocar esse trem para andar mais rápido. Então, eu acredito que nós vamos ter uma grande COP. Já temos alguns países sinalizando anúncios durante a COP”, afirmou.
“Não só na COP, mas no G20, nós viemos liderando o debate sobre sustentabilidade. Tanto é verdade que, pela primeira vez, nós temos um clube de ministros de finanças participando da COP e entregando um relatório para a COP. Isso já é fruto do trabalho que foi feito no G20”, prosseguiu Haddad. “O Brasil quis fazer dessa COP uma COP pragmática e propositiva”, concluiu.
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30) será realizada em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro.










Leave a Reply