Azul ficará mais “leve” ao sair da recuperação judicial, diz CEO

O CEO da Azul, John Rodgerson, disse nessa quinta-feira (14/8), em entrevista coletiva para comentar os resultados da companhia aérea referentes ao segundo trimestre deste ano, que a empresa tem “dinheiro suficiente” para sair da recuperação judicial nos Estados Unidos.

No fim de maio, a Azul entrou com um pedido de recuperação judicial nos EUA, por meio do chamado Chapter 11 – mecanismo jurídico que permite a reorganização de dívidas de empresas em dificuldades financeiras.

A empresa optou pelos EUA por considerar a legislação do país mais flexível e também porque a maioria de seus credores é estrangeira – e grande parte dos contratos com os fornecedores têm como foro o estado de Nova York.

A recuperação judicial é um processo que permite às organizações renegociarem suas dívidas, evitando o encerramento das atividades, demissões ou falta de pagamento aos funcionários. Por meio desse instrumento, as empresas ficam desobrigadas de pagar aos credores por algum tempo, mas têm de apresentar um plano para acertar as contas e seguir em operação. Trata-se, basicamente, de uma tentativa de evitar a falência.

De acordo com o balanço financeiro da Azul, a companhia aérea registrou um lucro líquido de R$ 1,29 bilhão no segundo trimestre de 2025, revertendo o prejuízo de R$ 3,56 bilhões reportado no mesmo período do ano passado.

Em termos ajustados, a empresa teve prejuízo líquido de R$ 475,8 milhões no período entre abril e junho deste ano, uma queda de 29% na comparação anual.

“Nós ainda estamos crescendo, ainda estamos colocando mais aeronaves no ar, mas nós saímos de um lugar onde não estamos ganhando dinheiro, que não faz sentido, simplificando um pouco mais a nossa malha”, afirmou Rodgerson.

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Azul mais “leve”

Segundo o CEO da Azul, a empresa está ficando mais “leve”. “Recuperação judicial é para tirar aquele peso do passado dos nossos ombros. Para tirar aquelas aeronaves que não estão operando e para tornar a Azul uma empresa mais eficiente”, explicou o executivo.

“Tirando aquela dívida que nós pegamos em 2020 e 2021, quando não tivemos nenhum aporte governamental, como outras empresas aéreas em outros locais do mundo tiveram. Nós estamos tirando aquela dívida para andar muito mais leves”, completou Rodgerson.

A companhia já devolveu 12 aeronaves, observou o CEO, e o número pode chegar a 30.

“Muitas dessas aeronaves já estavam paradas, e estávamos pagando aluguel por aeronaves que não voariam mais. O processo do Chapter 11 vai permitir tirar a obrigação de pagar aluguel por uma aeronave que não está gerando mais receita. Isso vai deixar a Azul mais leve”, disse.

“Não vamos ficar menores. Vamos ficar onde estamos e crescer um pouco mais modestamente daqui para frente. Todas as obrigações vão sair do nosso balanço e deixar a gente mais leve daqui para a frente”, concluiu Rodgerson.

A expectativa da Azul é deixar o processo de recuperação judicial nos EUA até o começo de 2026.

Recuperação judicial nos EUA

Segundo a Azul, o processo envolve US$ 1,6 bilhão em financiamento e deve eliminar mais de US$ 2 bilhões em dívidas, além de US$ 950 milhões em possíveis novos aportes de capital no momento de saída da recuperação judicial.

Em julho, a Azul recebeu sinal verde da Justiça norte-americana para todas as demandas apresentadas a um tribunal local relativas ao plano de reestruturação financeira da companhia aérea.

“A aprovação dos pedidos, que já havia sido concedida interinamente na audiência de ‘Primeiro Dia’, garante a continuidade do processo, como planejado pela companhia, na trajetória rumo a uma reestruturação bem-sucedida”, informou a Azul, na época.

Fim das operações em 14 cidades do Brasil

Na semana passada, a Azul confirmou que encerrou suas operações em 14 cidades e cortará 53 rotas consideradas de menor rentabilidade. As mudanças fazem parte do processo de reestruturação interna da empresa.

Inicialmente, havia sido divulgado que a companhia aérea encerraria as operações em 13 cidades, mas o número foi atualizado.

Segundo a Azul, o objetivo é concentrar as operações nos principais “hubs” da empresa – os aeroportos de Viracopos (Campinas), Confins (Belo Horizonte) e de Recife – e depender menos de conexões.

No setor de aviação, são chamados de “hubs” os aeroportos que funcionam como ponto central para uma companhia aérea, onde os passageiros se conectam entre diferentes voos para chegar a seus destinos finais.

Em meio à reestruturação, a Azul também deve diminuir o número de destinos por cidade e também sua operação sazonal, reduzindo voos para Paris (França) no inverno e suspendendo novos voos em Orlando (EUA).

A estimativa da companhia é a de que as decolagens diárias passem das atuais 931 para 836 – uma redução de 10,2%.

Créditos da Noticias

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