A descarbonização é peça-chave para desacelerar o aquecimento global

Modernização do transporte público, hidrogênio verde, desenvolvimento sustentável. Um número sem fim de conceitos, tecnologias e ideias que estão, em resumo, sob o guarda-chuva de um processo chamado de descarbonização.

Contudo, para falar em descarbonização, é preciso fazer um rápido retrospecto da história sócio-econômica e conceituar como o planeta alcançou o atual estágio de crise climática.

“O aumento da temperatura vem acontecendo após o período da revolução industrial, com uso de fontes de energia como o carvão mineral e, posteriormente, o petróleo e gás. A extração, produção e o uso deles causa emissão de gases de efeito estufa, como carbono e metano”, explica o professor Mario González, coordenador do grupo de pesquisa Creation-Energias Renováveis e Power-to-X da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

“A descarbonização vem em função de como fazer com que não aconteça mais emissões de CO² ou de metano para desacelerar o aquecimento global”, complementa.

Em essência, a descarbonização visa a reduzir ou eliminar a dependência de combustíveis poluentes, principalmente com a substituição de carvão, petróleo e gás natural por fontes de energia como eólica, solar, hidrelétrica e, mais recentemente, o hidrogênio verde.

Oportunidade

A busca pela economia de baixo carbono traz consigo uma série de benefícios. Primeiro, o combate às mudanças climáticas, aliada à preservação dos ecossistemas, além do impulsionamento de um desenvolvimento sustentável, com a aplicação de novas tecnologias.

Para isso, na avaliação do professor González, o Brasil tem uma oportunidade de liderar esse processo a nível mundial, como já se discute em âmbitos nacionais e internacionais, mas não pode perder o bonde da história.

“Se deixarmos esse cavalo selado passar, outros lugares podem subir nele. África e Austrália também reúnem boas condições naturais para a produção dessas energias verdes e seus derivados.Não tanto quanto o Brasil, mas se reunirem condições políticas e de infraestrutura, especialmente políticas, podem nos superar e começar primeiro esse processo, nos retirando oportunidades”, pondera.

Para o professor, o caminho do Brasil deve ser o de “neoindustrialização” da economia, na esteira das vantagens que o país tem, em especial na geração de energia a partir de fontes renováveis.

Segundo ele, o potencial brasileiro atual é de, a partir da geração limpa, ter 17x do que consumiria em energia. Uma realidade distante da alemã, por exemplo, que só chegaria a ter 15% do consumo potencial gerado por fontes renováveis.

“O custo de produzir eletricidade da fonte eólica no Brasil é um dos mais baixos do mundo. Além dele descarbonizar sua indústria, o Brasil poderia exportar produtos verdes, devido ao preço competitivo da eletricidade de fonte renovável barata e abundante”, ressalta.

“Produtores verdes”

Entre os exemplos de potencial de reversão industrial e de “produtos verdes”, o pesquisador cita a área da siderurgia. O Brasil está entre os grandes produtores e exportadores de minério de ferro. O setor siderúrgico, a nível mundial, é responsável por quase 7% das emissões de CO².

“É muito alto. Agora, se há outra rota tecnológica que pode ser utilizada, por exemplo, para termos o minério de ferro, então por que não atrair siderúrgicas com essa rota tecnológica para produzir, com a matéria-prima que temos abundante no Brasil e o hidrogênio que temos abundante?,” questiona.

“Então, seríamos o próprio fornecedor para as fábricas desses componentes, que, por sua vez, quando instalados no ambiente marítimo, estariam utilizando esses componentes para gerar eletricidade. Estaríamos tratando a descarbonização em si”, acrescenta, levantando a pauta do hidrogênio verde e da geração eólica offshore.

Nessa linha, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) emitiu, no dia 24 passado, a primeira licença prévia para um projeto de energia eólica offshore no Brasil.

O empreendimento pioneiro será implantado na área de testes do litoral do município de Areia Branca, na costa do Rio Grande do Norte.

A licença vem sendo analisada desde 2017, a partir de um trabalho iniciado pela seção local do Senai, em parceria com outras entidades.

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