Nos últimos dias, o Comando Vermelho, maior facção criminosa do Rio de Janeiro, tenta ocupar áreas dominadas pela milícia, principalmente na Zona Oeste carioca. Durante essa guerra, os faccionados dominaram muitos territórios controlados por milicianos e, atualmente, estão perto de fechar o que eles chamam de “cinturão do tráfico”. A estratégia do grupo criminoso é consolidar o domínio em determinadas favelas para que a facção possa controlar a região e ter fácil acesso à área de mata. O objetivo é ter mais opções para fuga e esconderijos.
Moradores da região conhecida como Vila Kennedy, dominada pelo CV, registraram em vídeo, mais um capítulo da batalha sangrenta travada entre os grupos criminosos. Milicianos estariam tentando retomar o controle da comunidade do Catiri, em Bangu. Barricadas foram incendiadas pelos criminosos. A barreira ficava sobre uma ponte, usada como uma das principais vias de entrada na localidade.
A geografia da região a torna estratégica para os criminosos, tanto no que diz respeito ao tráfico de drogas quanto a exploração de bens e serviços, como o fornecimento de gás, internet e a exploração do transporte alternativo. Atualmente, o controle de serviços essenciais pela comunidade, se tornou uma das principais receitas do crime organizado. Dentro desse cenário ainda se enquadram a venda dos “cigarros do crime”, marcas paraguaias que são as únicas vendidas dentro dos domínios das facções.
Veja imagens da ponte em chamas:
Exploração de serviços
A exploração ilegal de serviços essenciais por facções não geram apenas lucros significativos para o crime, como também fortalece o domínio de bandidos sobre comunidades inteiras, exercendo influência, controle e medo. Essa é a fórmula adotada pelo CV para ampliar o leque de atuação. Além do tráfico de drogas, há um faturamento alto com o fornecimento de energia, gás e, principalmente, acesso à internet.
Investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) apontam que faccionados passaram a controlar o chamando CVNet, provedor do crime, único liberado para ser usado em comunidades controladas pelo tráfico. Uma operação desencadeada pelas forças de segurança do Rio me março deste ano, descortinou como a facção atua, esticando as garras sobre o mercado de fibra ótica e fornecimento de sinal de internet.
A ação ocorreu em Vicente de Carvalho, Zona Norte carioca, onde o controle sobre provedores de internet está sendo chamando de “licitação” — em analogia ao procedimento legal realizado pelo Poder Público. Sob a ameaça de fuzilamento, a facção proibiu o acesso de empresas às comunidades sob a égide do CV.
Durante a operação da Polícia Civil, os agentes apreenderam diversos equipamentos furtados de concessionárias que trabalham legalmente. Todo o material apreendido passará por perícia para identificar a origem e os envolvidos no esquema, incluindo fornecedores, financiadores e distribuidores dos equipamentos roubados. Quatro funcionários do provedor ilegal de internet foram conduzidos à delegacia para prestar esclarecimentos. O responsável pelo provedor não estava no local e responderá pelo crime de receptação qualificada.
Leave a Reply