A inflação nos Estados Unidos em maio deste ano ficou praticamente estável em relação ao mês anterior e veio ligeiramente abaixo da estimativa dos analistas do mercado, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (11/6) pelo Departamento do Trabalho.
O Índice de Preços ao Consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação no país, ficou em 2,4% em maio, na base anual, uma leve alta em relação aos 2,3% registrados em abril.
Na comparação mensal, o índice foi de 0,1%, ante 0,2% em abril.
Os resultados da inflação nos EUA vieram abaixo do esperado pelo mercado. A média das estimativas era de 2,5% (anual) e 0,2% (mensal).
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Taxa de juros
A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024. A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para conter a inflação.
Em sua última reunião, nos dias 6 e 7 de maio, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano.
A próxima reunião do Fed para definir a taxa de juros acontece na semana que vem, nos dias 17 e 18 de junho.
Análise
Para André Valério, economista sênior do Banco Inter, o esperado impacto sobre a inflação das tarifas comerciais aplicadas pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, ainda não foi observado.
“Outro fator que contribuiu para o resultado menor que o esperado foi a deflação nos serviços de transporte, que recuou 0,2%. Tal recuo não é tão surpreendente, uma vez que, com a incerteza das tarifas em abril, observou-se uma severa contração nos serviços de transportes, que muito provavelmente impactou os preços dos serviços. Além disso, tem-se visto uma redução no turismo nos EUA, o que contribuiu para queda nas passagens aéreas medidas pelo índice”, afirma.
“Com o mercado de trabalho ainda robusto, mas com sinais de desaceleração na margem, o resultado de hoje seria suficiente para fazer o Fed discutir a retomada de corte de juros na próxima reunião, se não fossem as tarifas. A dinâmica recente da inflação é clara de desaceleração, entretanto, a incerteza sobre o impacto tarifário ainda persiste e deve manter o Fed cauteloso”, explica Valério.
“Não se pode descartar que as tarifas ainda terão impacto significativo nas próximas leituras, especialmente que toda a incerteza tarifária gerou um temor de recessão na economia americana que não se materializou. Portanto, à medida que esse temor se dissipe, podemos ter um impacto mais significativo na inflação, vinda das tarifas.”
Segundo Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos, a inflação abaixo do esperado nos EUA “anima os mercados”.
“Isso acontece pelas expectativas de que agora o Banco Central norte-americano não tenha mais desculpas para não começar a cortar taxa de juros por lá. É extremamente importante esse dado ter vindo para baixo para quem pressiona, como o presidente Donald Trump, para que as taxas comecem a cair”, avalia.
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