PF pede inclusão de Carla Zambelli na lista de procurados da Interpol

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, enviou nesta quarta-feira (4/6) à Interpol o pedido de inclusão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na chamada “lista vermelha” de procurados internacionais.

A solicitação atende à ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que decretou a prisão preventiva da parlamentar, após ela deixar o país mesmo com condenação criminal vigente.

Zambelli foi condenada em maio deste ano pelo STF a 10 anos e 8 meses de prisão em regime fechado pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Ela foi acusada de ter participado da inserção fraudulenta de um mandado falso de prisão contra o ministro Moraes nos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023.

Desde o fim de maio, a parlamentar está fora do Brasil.  A defesa alegou que a deputada viajou para compromissos políticos nos Estados Unidos e que pretende seguir para a Europa, onde tem cidadania italiana.

Na fronteira com a Argentina não exige um controle migratório e, por isso, a saída de Zambelli não foi registrada pela Polícia Federal (PF).

Moraes, porém, considerou a movimentação como tentativa de fuga e acatou o pedido da Procuradoria-Geral da República para decretar sua prisão preventiva e acionamento da Interpol.

O deputado italiano Angelo Bonelli, líder do Movimento Europa Verde e da Aliança Verde e de Esquerda, acionou o governo da Itália para cobrar a extradição de Carla Zambelli para o Brasil.

O que significa a “lista vermelha” da Interpol?

A chamada “difusão vermelha” é um alerta global para que autoridades dos 195 países-membros da Interpol localizem e prendam, provisoriamente, pessoas procuradas pela Justiça. A partir do pedido da PF, Zambelli poderá ser detida ao tentar entrar ou circular em qualquer país que reconheça a medida. A extradição, no entanto, dependerá de acordos bilaterais com o Brasil e da análise jurídica no país onde ela for localizada.

Segundo fontes da Polícia Federal, o nome da deputada já consta na base de dados interna da Interpol. Caso seja encontrada, o Brasil poderá solicitar sua extradição para cumprimento da pena. A expectativa é que a cooperação com países europeus seja facilitada pelo histórico de acordos e pela gravidade dos crimes imputados.

Defesa diz que prisão é ilegal

Em nota, os advogados de Carla Zambelli afirmaram que ainda não foram notificados oficialmente da decisão e que vão recorrer. Segundo a defesa, a prisão preventiva é “descabida” e “desrespeita garantias fundamentais”, já que a parlamentar “estava fora do país em missão política previamente comunicada e com bilhetes de retorno”.

O partido de Zambelli, o PL, não comentou oficialmente o caso até o momento.

Condenação e desdobramentos

A condenação de Carla Zambelli foi decidida por unanimidade pelos ministros do STF. Eles entenderam que a deputada agiu de forma deliberada ao acessar ilegalmente os sistemas do CNJ e inserir documentos falsos, incluindo uma falsa ordem de prisão contra Moraes, em retaliação a decisões do ministro durante investigações contra bolsonaristas.

Além da pena de prisão, Zambelli também perdeu os direitos políticos e deve cumprir medidas adicionais, como multa e perda do mandato parlamentar. A decisão ainda cabe recurso, mas os efeitos são imediatos – especialmente em razão da fuga, que motivou a preventiva.

 

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