O dólar operava em queda na manhã desta quinta-feira (9/10), em um dia no qual os investidores repercutem uma série de notícias do mundo político-econômico, tanto no Brasil quanto no exterior.
O mercado financeiro avalia os impactos da derrota do governo na votação do projeto que definia compensações ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
No front externo, o grande destaque é o acordo pelo fim dos conflitos na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas, intermediado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e anunciado na noite de quarta-feira (8/10).
Nos EUA, os investidores monitoram o pronunciamento do presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano), Jerome Powell.
Dólar
- Às 9h06, a moeda norte-americana recuava 0,25% e era negociada a R$ 5,331.
- Na véspera, o dólar fechou em leve baixa de 0,12%, cotado a R$ 5,344.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 0,41% no mês e perdas de 13,52% no ano frente ao real.
Ibovespa
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
- No dia anterior, o indicador encerrou o pregão em alta de 0,56%, aos 142,1 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula perdas de 2,8% em outubro e ganhos de 18,18% em 2025.
Derrota do governo na Câmara
O mercado repercute a decisão da Câmara dos Deputados, que aprovou um requerimento de retirada de pauta da Medida Provisória (MP) n° 1.303/2025, alternativa ao aumento do IOF. Com isso, o texto não chegou a tempo ao Senado antes de a medida perder a validade, o que ocorreu às 23h59 de quarta-feira. O placar de 251 a 193 decidiu pelo adiamento da votação.
A medida representa uma das maiores derrotas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2025. Após o Congresso derrubar, em junho, o decreto que aumentou o IOF, o Executivo enviou uma nova proposta para compensar a perda de arrecadação.
A MP foi aprovada na comissão especial no fim da tarde de terça-feira (7/10), com um resultado apertado: 13 votos a favor e 12 contrários. A previsão de arrecadação, que era de R$ 20 bilhões em 2026, cairia para cerca de R$ 17 bilhões.
O governo queria taxar em 18% a receita de jogos, mas o relator Carlos Zarattini (PT-SP) manteve a alíquota de 12%, reduzindo a arrecadação prevista em R$ 1,7 bi em 2026. O Executivo também queria cobrar 5% de IR sobre LCI, LCA, LH, CRI, CRA e debêntures a partir de 2026, mas a comissão manteve isenção total, reduzindo a arrecadação em R$ 2,6 bi.
Agora, o Ministério da Fazenda precisará refazer os cálculos para compensar o recuo sobre a alta do IOF. “A decisão da Câmara de derrubar a Medida Provisória que corrigia injustiças no sistema tributário não é uma derrota imposta ao governo, mas ao povo brasileiro. Essa medida reduzia distorções ao cobrar a parte justa de quem ganha e lucra mais. Dos mais ricos”, criticou Lula em seu perfil no X (antigo Twitter).
Pesquisas mostram Lula à frente
Em relação à disputa eleitoral do ano que vem, os investidores repercutem os dados da nova rodada da pesquisa Genial/Quaest sobre intenção de votos, divulgada nesta quinta-feira, que mostrou Lula liderando em todos os cenários, seja no primeiro ou segundo turno, para as eleições de 2026.
No primeiro cenário estimulado, Lula aparece com 35% das intenções de voto, seguido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com 26%, e pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), com 10%. Na sequência, vêm Ciro Gomes (PDT), com 9%, Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União Brasil), ambos com 3%. Indecisos somam 4%, e 10% declararam voto branco, nulo ou que não irão votar.
Quando o nome de Michelle Bolsonaro (PL) é testado no lugar do marido, o petista mantém vantagem, com 36%, contra 21% da ex-primeira-dama. Ratinho Júnior e Ciro Gomes empatam com 10%, enquanto Zema marca 4%, e Caiado, 3%. Os indecisos são 4%, e 12% optaram por branco, nulo ou abstenção.
Em outro cenário, desta vez com Tarcísio de Freitas (Republicanos) como adversário, Lula lidera com 39%, enquanto o governador de São Paulo aparece com 18%. Na sequência, Ciro Gomes tem 12%. Zema e Caiado registram 4% cada, 5% dos eleitores estão indecisos e 18% afirmam que não votariam em nenhum dos candidatos.
Quando o nome de Eduardo Bolsonaro (PL) é incluído, o petista segue à frente, com 35%, ante 15% do deputado federal. Ratinho Júnior aparece com 12%, Ciro Gomes, com 11%, Romeu Zema, com 5%, e Caiado com 4%.
Nos cenários de segundo turno, Lula também lidera em todas as combinações simuladas, com vantagens que variam de nove a 23 pontos percentuais sobre os adversários.
Inflação no Brasil
Outro destaque que movimenta o mercado é a divulgação dos novos dados de inflação no Brasil, referentes ao mês de setembro. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,48%, 0,59 ponto percentual acima da deflação de 0,11% registrada em agosto.
No ano, o IPCA acumula alta de 3,64% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 5,17%, acima dos 5,13% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2024, a variação havia sido de 0,44%.
No mês passado, segundo o IBGE, três dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados vieram com variação negativa: artigos de residência (-0,4%), alimentação e bebidas (-0,26%) e comunicação (-0,17%). Do lado das altas, as variações ficaram entre o 0,01% de transportes e o 2,97% de habitação.
Acordo pelo fim da guerra em Gaza
No cenário internacional, o maior destaque é o possível fim dos conflitos entre o Exército israelense e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a assinatura da primeira fase do acordo de paz entre Israel e o Hamas. Segundo ele, o pacto prevê a libertação de todos os reféns e a retirada gradual das tropas israelenses de Gaza, em um processo mediado por Catar, Egito e Turquia.
“Tenho muito orgulho em anunciar que Israel e o Hamas assinaram a primeira fase do nosso Plano de Paz. Isso significa que todos os reféns serão libertados em breve e Israel retirará suas tropas para uma linha acordada, como os primeiros passos em direção a uma paz forte e duradoura”, escreveu o republicano nas redes sociais.
“Este é um grande dia para o nundo árabe e muçulmano, para Israel, para todas as nações vizinhas e para os Estados Unidos da América, e agradecemos aos mediadores do Catar, Egito e Turquia, que trabalharam conosco para que este evento histórico e sem precedentes acontecesse!”, completou Trump.
O Hamas, por sua vez, também anunciou que concluiu um acordo com Israel, mediado por Catar, Egito e Turquia, como parte da primeira fase do plano de paz apresentado por Trump. “Após negociações sérias e responsáveis entre o movimento e as facções da resistência palestina sobre a proposta do Presidente Trump em Sharm el-Sheikh, o Hamas anuncia a conclusão de um acordo que estipula o fim da guerra em Gaza, a retirada da ocupação, a entrada de ajuda humanitária e uma troca de prisioneiros”, afirmou o grupo em comunicado.
O movimento também destacou a importância do papel dos mediadores internacionais: “Apreciamos profundamente os esforços dos nossos irmãos mediadores no Catar, Egito e Turquia. Também valorizamos os esforços do presidente dos EUA, Donald Trump, que busca o fim definitivo da guerra e a retirada completa da ocupação da Faixa de Gaza”.
Fala do presidente do Fed
Nos EUA, o destaque desta quinta-feira fica por conta de declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, que pode dar “pistas” ao mercado sobre o que esperar da trajetória da taxa de juros no país.
Além do discurso do chefe da autoridade monetária, outros integrantes do Fed também devem se pronunciar nesta quinta, como Michelle Bowman, Mary Daly e Randal Quarles.
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