Transitolândia: 21 anos educando para um trânsito mais humano

Era 23 de setembro de 2004 quando o então governador Joaquim Roriz inaugurou oficialmente a Escola Vivencial de Trânsito, mais conhecida como Transitolândia. O espaço nasceu de uma ideia ousada, concebida pelo diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) à época, Brasil Américo, e pela engenheira Mônica Soares Velloso, juntamente com uma equipe de colaboradores que acreditava no poder transformador da educação. O projeto ganhou corpo e se consolidou como uma minicidade construída dentro do Parque Rodoviário de Sobradinho, com ruas sinalizadas, faixas de pedestres, semáforos, placas, passarelas e até veículos adaptados para crianças. O objetivo: ensinar meninos e meninas de 4 a 10 anos a se tornarem cidadãos conscientes e multiplicadores de boas práticas no trânsito.

O acervo histórico do DER-DF mostra como tudo começou: a assinatura da autorização para a obra, as etapas de construção em terreno de terra batida, as primeiras estruturas e a montagem do grande pavilhão de lona amarela e azul, que virou símbolo do espaço. O ambiente, simples no início, já encantava as primeiras turmas que, em 2005, somaram quase 8 mil crianças atendidas em poucos meses. Elas vivenciavam experiências únicas, como atravessar passarelas, esperar o ônibus de forma segura, andar em carrinhos e participar de atividades teatrais, jogos cooperativos e momentos cívicos.

A placa inaugural, ainda preservada, trazia uma frase do governador Roriz: “Se esta obra for suficiente para salvar uma vida, nós nos sentiremos recompensados e os recursos investidos não terão sido em vão”. Um retrato da importância atribuída desde o início a esse projeto pioneiro de educação para o trânsito no Brasil.

Ao longo dos anos, a Transitolândia se consolidou como referência — recebeu visitas de comitivas de todos os estados brasileiros e até do exterior, interessadas em conhecer seu modelo de sucesso. Entre 2019 e 2021, mais de 200 visitantes de fora do DF estiveram no local para observar de perto o funcionamento e os métodos aplicados. A iniciativa, que nasceu local, rapidamente ganhou projeção nacional.

Em 2021, após 17 anos de funcionamento, o espaço passou por sua primeira grande reforma. As obras ocorreram entre maio e dezembro daquele ano e modernizaram toda a estrutura da Transitolândia, com recapeamento das pistas, nova sinalização, revitalização do anfiteatro, banheiros e áreas de recepção reformadas. A escola ganhou novo fôlego para continuar recebendo alunos, professores e visitantes de todo o país.

Um projeto sólido e duradouro

Hoje, 21 anos depois, a Transitolândia mantém seu caráter educativo e social. A escola atende, diariamente, cerca de 240 crianças dos anos iniciais do ensino fundamental, com transporte e lanche fornecidos pelo DER-DF. A experiência vai além da prática na minicidade e incluem apresentações de teatro educativo para ajudar na fixação do conteúdo aprendido. Ao final da visita, cada aluno recebe um kit como lembrança — um gesto simbólico que reforça os ensinamentos e marca o dia vivido no espaço. Em campanhas como a Volta às Aulas, mais de duas mil crianças chegam a ser atendidas diretamente em suas escolas, ampliando ainda mais o alcance do projeto.

Para o presidente do DER-DF, Fauzi Nacfur Júnior, o aniversário marca a consolidação de uma política pública de impacto. “Nestes 21 anos, a Transitolândia se consolidou como espaço de transformação concreta de atitudes no trânsito. Temos orgulho de ver nossas crianças que ontem aprendiam na minicidade e hoje já multiplicam boas práticas em casa e na sociedade”, afirmou. A diretora de Educação de Trânsito, Graziela Portela, reforça que a missão é continuar ampliando o alcance. “A educação para o trânsito deve ser inclusiva, sensível às diferenças de aprendizagem e aos diversos perfis de cidadãos desde a infância. É esse compromisso que guia nossa direção e o futuro da Transitolândia.”

As histórias da Transitolândia mostram que o aprendizado ultrapassa os limites da escola vivencial. Muitas vezes, são as próprias crianças que, em casa, chamam a atenção dos pais para o uso do cinto de segurança, pedem respeito à faixa de pedestres ou criticam o excesso de velocidade. A semente plantada em 2004 continua germinando. Duas décadas depois, entre risadas, brincadeiras e lições de cidadania, a Transitolândia mantém vivo o propósito de construir um trânsito mais humano, seguro e solidário para as futuras gerações do Distrito Federal.

*Com informações do DER-DF

Por Por Brasília

Fonte Agência Brasília

Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

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