Haddad elogia Alckmin em crise com EUA: “Não baixa cabeça para grito”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), não economizou nos elogios ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), nesta quinta-feira (21/8), durante um evento do qual ambos participaram em São Paulo.

O chefe da equipe econômica disse que Alckmin vem dando “um show de dignidade” nas negociações com o governo dos Estados Unidos para tentar reverter ou amenizar o tarifaço comercial imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump a grande parte dos produtos importados do Brasil.

“Queria cumprimentar o vice-presidente Alckmin pela maneira digna e altiva com que ele tem lidado com um problema grave que o Brasil está enfrentando, que é essa questão externa. Por ter sido quatro vezes governador deste estado e pelo acúmulo de experiência ao longo de toda a sua vida pública, tem dado um show de dignidade nas tratativas do Brasil com os EUA”, elogiou Haddad logo no início de seu discurso na abertura do Salão do Turismo, na capital paulista.

“É muito importante ter uma pessoa que não baixa a cabeça para grito e para desaforo. Uma pessoa que sabe se colocar e defender os interesses nacionais e sabe da importância que o Brasil tem no mundo”, completou Haddad.

Embora não tenha citado o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), as declarações de Haddad foram uma espécie de contraponto ao que Tarcísio tem dito sobre o tarifaço de Trump. No início da semana, Tarcísio defendeu que o governo entregue “alguma vitória” a Donald Trump na negociação. Para o governador paulista, conversar com Trump “não é humilhação”.

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Negociação dura

Alckmin vem liderando as conversas com representantes do governo dos EUA, em meio às dificuldades do Palácio do Planalto de estabelecer um canal de comunicação e uma relação de confiança com a Casa Branca. Nessa quarta-feira (20/8), o vice-presidente anunciou um “alívio” de US$ 2,6 bilhões nas tarifas sobre exportações de aço e alumínio.

O “alívio” resulta de uma mudança nas regras de taxação pelo governo Trump. O Departamento de Comércio norte-americano incluiu todos os produtos derivados de aço ou alumínio na Seção 232 do Ato de Expansão Comercial, que unificou essas tarifas para o mundo todo. Segundo Alckmin, os produtos incluídos representam 6,4% das exportações.

No início da semana, Fernando Haddad havia reconhecido as dificuldades que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem enfrentando para negociar com os EUA sobre o tarifaço. Ao participar de um evento em São Paulo, na segunda-feira (18/8), o ministro da Fazenda disse que as negociações entre Brasil e EUA não avançaram até o momento porque os norte-americanos querem impor uma solução que seria “constitucionalmente impossível” de se concretizar.

Ao justificar a tarifa de 50% sobre os produtos importados do Brasil, Trump alegou que o país estaria promovendo uma “caça às bruxas” que teria como maior alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado do líder norte-americano.

De acordo com a Casa Branca, o Judiciário brasileiro estaria perseguindo Bolsonaro com o intuito de inviabilizá-lo politicamente. O ex-presidente é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente ter liderado uma tentativa de golpe de Estado no país, após ser derrotado nas eleições de 2022. O julgamento de Bolsonaro e outros sete réus no STF foi marcado para o dia 2 de setembro.

Os EUA também instauraram investigação comercial, aberta pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês), a pedido de Trump. O governo norte-americano afirma que a análise visa a investigar supostas práticas comerciais desleais do Brasil em relação aos EUA e cita como exemplo as recentes disputas judiciais envolvendo plataformas digitais norte-americanas.

Turismo

Em seu discurso no Salão do Turismo, Haddad afirmou que o setor é considerado prioritário pelo governo Lula na busca por crescimento econômico.

“Quando o turismo vai bem, é sinal de que o desemprego está em baixa, a inflação está controlada e a renda do trabalhador está prosperando. Nós estamos em busca de um país mais justo”, afirmou Haddad.

Segundo o ministro, “o que o presidente Lula tem repetido é que é muito importante a gente crescer, e fazia muito tempo que a gente não crescia”. “O Brasil vinha de uma taxa de crescimento inferior a 1,5%. Nós dobramos nosso crescimento médio nesses três anos”, concluiu.

Créditos da Noticias

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