O dólar operava em alta nesta quinta-feira (21/8), em um dia no qual os investidores repercutem notícias relacionadas ao cenário político doméstico e também envolvendo as expectativas sobre a trajetória da taxa básica de juros nos Estados Unidos.
No Brasil, o destaque é a repercussão a respeito do novo indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por tentativa de coação no curso do processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
Nos EUA, o mercado financeiro acompanha com atenção o simpósio de Jackson Hole, evento anual que reúne autoridades do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano), economistas e líderes políticos.
Dólar
- Às 9h08, a moeda norte-americana avançava 0,33% e era negociada a R$ 5,491.
- No dia anterior, o dólar fechou em queda de 0,48%, cotado a R$ 5,473.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 2,28% em agosto e de 11,44% em 2025 frente ao real.
Ibovespa
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
- Na véspera, o indicador fechou o pregão em leve alta de 0,17%, aos 134,6 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 1,2% no mês e de 11,96% no ano.
Bolsonaro indiciado
A escalada nas tensões políticas no Brasil vem sendo monitorada pelos agentes do mercado nesta quinta-feira. A Polícia Federal (PF) indiciou Bolsonaro e Eduardo por abolição violenta do Estado Democrático de Direito e coação no curso do processo da Ação Penal (AP) nº 2668, que apura a suposta tentativa de golpe em 2022.
É a quarta vez que Bolsonaro é indiciado pela PF. O indiciamento acontece às vésperas do julgamento do núcleo crucial da suposta trama golpista, conforme denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar o caso a partir do dia 2 de setembro.
Desta vez, de acordo com a PF, as ações de pai e filho buscaram atingir instituições, como o STF e o Congresso Nacional, “objetivando subjugá-las a interesses pessoais e específicos vinculados aos réus julgados no âmbito da mencionada ação penal”.
Além dos ataques de Eduardo às instituições brasileiras, o relatório da investigação destaca, ao embasar o indiciamento, que a ajuda financeira de Bolsonaro ao filho deu suporte para que o parlamentar continuasse com a ofensiva, nos EUA, especialmente contra o ministro Alexandre de Moraes.
Em uma das mensagens tornadas públicas, Eduardo xingou o pai (“VTNC” – abreviação de um xingamento) e o chamou de “ingrato do caralho” em mensagens de WhatsApp reveladas pela PF. O episódio ocorreu após o ex-presidente afirmar, em entrevista, que o filho não era “tão maduro assim” para a política, ao comentar a troca de críticas entre Eduardo e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A declaração irritou Eduardo, que respondeu ao pai com palavrões e ameaças. Ele afirmou que já havia superado as divergências com Tarcísio, mas que, após as falas de Bolsonaro, cogitava “dar mais uma porrada nele”.
“Eu ia deixar de lado a história do Tarcísio, mas graça [sic] aos elogios que vc fez a mim no Poder 360 estou pensando seriamente em dar mais uma porrada nele, para ver se vc aprender [sic]. VTNC [vai tomar no c…] SEU INGRATO DO CARALHO!”, disse o deputado federal ao pai em mensagem enviada por WhatsApp.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 48 horas para que a defesa de Jair Bolsonaro se manifeste sobre o descumprimento de medidas cautelares. A determinação se dá devido ao “risco de fuga” evidenciado na investigação da PF.
Segundo a PF, a suspeita surgiu a partir de um documento encontrado no celular de Bolsonaro. O material seria um rascunho de carta endereçada ao presidente da Argentina, Javier Milei, em que o ex-chefe do Executivo solicitava asilo político.
Na decisão dessa quarta-feira, Moraes afirmou que o ex-presidente desrespeitou restrições impostas pela Corte e voltou a adotar condutas ilícitas. O magistrado destacou, ainda, que a PF identificou provas de que Bolsonaro teria preparado um plano para deixar o país.
Seminário do Fed
Nesta quinta, as atenções do mercado estão voltadas ao Simpósio de Jackson Hole, conferência anual nos EUA que conta com a participação de dirigentes do Fed, incluindo o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell.
O Simpósio de Política Econômica do Fed acontece na região de Jackson Hole, em Wyoming. Trata-se de uma conferência promovida pela unidade regional de Kansas City do Fed sempre no fim das férias de verão.
No fim de julho, o Fed anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. A próxima reunião do Fed para definir a taxa de juros acontece nos dias 16 e 17 de setembro.
O Índice de Preços ao Consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação no país, ficou em 2,7% em julho, na base anual, mesmo resultado registrado em junho. Na comparação mensal, o índice foi de 0,2%, ante 0,3% em junho.
A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024. A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para conter a inflação.
Até o fim de 2025, o BC dos EUA tem programadas mais três reuniões de política monetária – em setembro, outubro e dezembro. Nas últimas semanas, ganhou força entre os analistas do mercado a tese de que o Fed deve começar a baixar os juros possivelmente a partir da próxima reunião, no mês que vem.
Na quarta-feira, a ata da última reunião do Fed apontou que os riscos de inflação são maiores do que as preocupações com o mercado de trabalho norte-americano. No mesmo dia, o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a atacar o chefe do Fed, Jerome Powell, cobrando a queda dos juros.
Ainda nos EUA, está prevista a divulgação de dados dos pedidos semanais de auxílio-desemprego, além de números de exportação de grãos, índices de atividade preliminares de agosto do setor industrial e de serviços (PMI) e relatório de vendas de moradias usadas em julho.
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