O número de casos de injúria racial aumentou 8,4% aqui no Distrito Federal. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), foram registrados 401 casos nos primeiros seis meses deste ano. No mesmo período do ano passado, foram 370 ocorrências.
Mas, afinal, o que é injúria racial?
É quando alguém ofende a honra de outra pessoa usando questões relacionadas à raça, cor, etnia, religião ou origem. Antes, esses casos não tinham a mesma gravidade legal, mas com a mudança na Lei nº 7.716/89, essa forma de violência passou a ser tratada como crime de racismo — uma conquista importante, ainda que infelizmente necessária.
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No DF, alguns casos que chegaram à polícia chocaram a sociedade pelo teor das ofensas. Palavras como “cabelo de bucha”, “negrinhos da África”, “bom aluno, apesar de preto” e “neguinho ladrão” mostram o quanto o preconceito ainda está presente, em pleno século XXI.
Relembre alguns casos
- Na quarta-feira (2/7), a situação ganhou repercussão após uma menina de 11 anos ter sido vítima de ofensas racistas em uma escola pública no Riacho Fundo II. Três alunas na mesma faixa etária teriam feito comentários sobre o cabelo da vítima, chamando-a de “cabelo de bucha”, “cabelo de pica” e “preta nojenta”. O caso foi registrado na Polícia Civil do DF (PCDF). Na ocasião, a Secretaria de Educação tratou o episódio como gravíssimo.
- Em 9 de maio, uma professora da Universidade de Brasília (UnB) foi indiciada por cometer injúria racial contra um aluno de medicina da instituição. O estudante denunciou o caso, que é investigado pela Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial (Decrin). Na época, a vítima relatou que a docente do curso de nutrição proferiu ofensas racistas, apontando para outro estudante e dizendo que ele se mostrava “um bom aluno, apesar de ser preto”.
- Em 10 de fevereiro deste ano, uma mulher de 28 anos foi presa pelo mesmo crime no Recanto das Emas. Ela ameaçou e xingou a vizinha e os filhos da vítima. As ofensas foram do tipo: “Nega preta”, “encapetados” e “negrinhos da África”.
- No início do ano, em 10 de janeiro, outro episódio: um homem bêbado foi preso na Asa Norte após xingar um homem de “neguinho ladrão”. Ao ser levado para a 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), o detido voltou a dizer: “Esse neguinho vai me denunciar?”.
Vidas marcadas pela dor e pelo preconceito
Esses números não são apenas estatísticas, são histórias de vidas marcadas pela dor e pelo preconceito. No ano passado, a SSP-DF registrou 706 ocorrências de injúria racial, com a maioria concentrada em 10 regiões administrativas do DF:
- Brasília: 107
- Ceilândia: 79
- Taguatinga: 55
- Samambaia: 47
- Planaltina: 42
- Gama: 37
- Guará: 34
- Recanto das Emas: 30
- São Sebastião: 28
- Santa Maria: 26
De acordo com a SSP-DF, em 2024, os locais onde mais ocorreram injúrias raciais foram residências, com 15,6%; vias públicas, com 13,3%; e escolas, com 10,9%. Nos estabelecimentos comerciais, a maior incidência aconteceu em bares, com 17%, e em shoppings, lojas e supermercados, com 16%.
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